O mundo, depois de ti,
É agora uma Obra Umberta.
Hiper-incodificável,
és, hoje, a estrutura ausente.
Doravante, o ornitorrinco
fenece junto com a rosa
Teu corpo, do Apocalipse,
escapou desintegrado.
Morrer, de fato e apenas,
é superinterpretar-se
Baudolino apaga a chama:
Loana, onde está Foucault?
Enterraste os teus demônios
no cemitério de praga?
E a Língua Perfeita? Achaste-a
Na ilha do eterno ontem?
Labirinto,espelho e bosque:
qual do Três é teu segredo?
Beleza e bruteza: histórias?
E o Homem: Lector ou Fabula?
Sem ti, a cultura pop
é forma sem conteúdo
Infra-homem que, na massa,
nem crê, nem descrê: só nem.
Na arquitetura dos signos,
tu és mais que Monumento.
Na história da arte, o século
XX és em X tirinhas.
Mostraste, ao Cinema, o Sema:
quintessência em movimento.
Tu te foste e o Mundo, ainda,
é esta mesma quase coisa.
Mas, no Éter, os alquimistas
vão mostrar-te o Vitriol
A carne tornada verbo
é a pedra pan-semiótica
E a nós, uma questão: tua morte
é mentira ou ironia?
Quiçá, nós é que sejamos
de ti o imperfeito eco.
Hipotexto, falta, vácuo:
como vão reverberar-te?
Veio o Fim. Mas falta a tese:
Como é que se faz Umberto?
Thiago El-Chami
Thiago El-Chami
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