O Assassinato de Cristo - Cap 1 - A Armadilha

1 – A Armadilha

Sem responder à pergunta de Rousseau ''Por que o homem nasce livre e vive acorrentado em toda a parte?'', é inútil firmar novos contratos sociais.

Há algo impedindo que se coloque a questão correta, impedindo de se chegar à solução. Desviando a atenção.

Este algo é a Evasiva do Essencial, que afasta o homem da Vida.

O Problema é a Peste Emocional do Homem. A Angústia.

Os contratos sociais não tocam o problema. No máximo, ajudam a manter a vida.

O homem não resolveu o problema moral da existência do mal.

Todas as religiões que visam resolvê-lo se tornam instrumentos de opressão.

Não Sabemos o que é a Vida. E se Deus é Vida, não adianta servi-Lo se não o conhecemos.

Há um erro fatal no modelo racional com que o homem buscou conhecer a si mesmo.

A última grande tentativa humana de tomar nas mãos o seu destino, a soviética, foi um grande fracasso.

Escapar de uma armadilha é possível, mas é preciso reconhecer a prisão. Esta é a estrutura emocional do homem, sua estrutura de caráter.

Não adianta pensar sobre a prisão nem sobre a liberdade. Há que buscar a saída.

Ela está visível. Mas todos parecem não a ver. E quem tenta se aproximar dela é tachado de louco, criminoso, endemoniado.

O problema está no prisioneiro. Quer enfeitar, tornar confortável, garantir a saúde de seus filhos na prisão. Mas não quer a saída.

O verdadeiro problema é a evasão básica do Essencial.

As chaves para a saída estão cimentadas na armadura do caráter e na rigidez mecânica do corpo e da alma.

Na prisão, não há espaço para grandes lances de pensamento e ação. Nem para movimento. Isto atraofia os órgãos que poderiam mostrar o sentido da plenitude da Vida.

Resta uma nostalgia da felicidade. Mas como esta não cabe na vida real, surge um ódio ao Vivo, à Vida, a tudo o que é vivo. Assassinato de Cristo é um símbolo para isto.

Cristo apresenta o princípio da Vida, que desperta ódio no caráter encouraçado, como o vermelho para o touro selvagem.

O assassinato ao Vivo é camuflado na civilização e sua superestrutura, justificando-se guerras, disputas econômicas e outras misérias com mil racionalizações, e em mil oposições como lei e crime, Estado e povo, moral e sexo, natureza e civlização.

A raça humana experimentaria o pior desastre se conhecesse de vez a função da Vida, a função do orgasmo e o motivo do assassinato do Vivo.

Não há nada mais destrutivo do que a Vida anulada e contrariada por esperanças frustradas.

O educador do futuro fará sistematicamente o que o bom educador de hoje faz episodicamente: enfatizar e estimular a Vida em cada criança, suas qualidades especiais. Suas emoções vivas.

Somente no futuro, quando terminar a oposição entre a vida bioenergética e a vida social, natureza e civilização, isto será possível.

No mundo cristão, há um antagonismo entre o homem pecador e seu Deus. Ele é imagem divina, mas é pecaminoso. Nasceu no paraíso e anseia retornar a ele.

De fato, o homem nasceu do universo e deseja se reintegrar a ele.

Saulo de Tarso iniciou a oposição entre o corpo e a carne. Daí a distinção orgonômica entre os impulsos primários, naturais (que vêm de Deus), e os impulsos secundários, vistos como pervertidos, que seriam obra do diabo.

Mas o Reino de Deus e da graça está no interior do homem. Deus é o corpo espiritualizado. Não um além. E o diabo é o corpo degenerado transformado em carne.

O abraço genital é dom de Deus. Mas o homem o demonizou pornograficamente convertendo-o na noção de foda.


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