Denúncia

Não, eu não quero saber
O que teus dedos
indigentes
denunciam...

Pois, de fato,
Sempre enquanto
Eles miram acolá
Denunciam tão somente
a triste ranhura
da tua mão cheia de pedras

Gritos por escrito?
A inverdade digital
De dedos que fingem
Apontar para o mundo
Mas que apenas
triscam e tocam
Uma tela cheia
De outros dedos ocultos
Que também os denunciam
Esgrima de dedos nervosos
Crianças Passadas
Numa brincadeira sem a menor graça


E a tua voz, onde está?
Tua verdade não me fala
nos ecos sem voz nem rosto
da violência virtual...

Me mostra, amigo, o timbre
do teu ser
Que tua voz me anuncia
Aqui na carne da minha memória
Com o doce rastro do melhor de ti
Do melhor do mundo em ti
Para que um dia
Outra vez ao meu lado
Tu me apontes algo, e eu veja.

Thiago El-Chami

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