Se tu julgas teu irmão
Serás tu o condenado
Pela justa acusação
De tomares o machado
E a toga de Deus na mão...
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E o que é mais engraçado
Nesta triste situação
É que o julgador, coitado,
Pra julgar de sopetão
Deixa a balança de lado...
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Mas como é que julga então
Quem não sabe se é pesado
Ou leve o fardo da ação
Que o ser por ele julgado
Traz consigo ao coração?
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Pobre juiz descuidado!
Um e outro prato estão
Um faltando, outro empenado...
Impossível a prolação
De um juízo equilibrado!
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E o prato que falta, oh não!,
É aquele em que é colocado
O seu próprio agir (que tão
frequentemente é impensado:
sem peso e sem medição).
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Sê juiz do teu bocado!
E hás de ver que a apuração
Do mal a ser reparado
Em nosso próprio rincão
É empenho nunca esgotado!
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Dedica tempo e intenção
A a-justar em teu costado
Tua Balança em precisão
Para o fim mais indicado:
Medir a si mesmo então!
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E te será revelado
Um segredo da Criação:
Tudo que vês de errado
Lá fora, é só projeção
De algo na alma encontrado...
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Pois o peso do padrão
Que a tudo tens aplicado
Só cabe na tua mão
E volta decuplicado
Se o lanças à multidão...
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Inimigo ou aliado:
Se emitires decisão
Verás, ao ser publicado,
O teu nome (e o dele não)
No rol dos executados...
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Thiago El-Chami
Um comentário:
Excelente!
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