Todo dia é dia de FÊra, Minha vó já me dizia
E foi nessa brincadeira Que eu fui parar um dia
Numa tal de Br 324 antes de Cristo
E rolou uma treta que eu nunca antes tinha visto
Ainda não tinha Ana, e nem Ana era Santa
Mas não sei como a muvuca era em Feira de Santana
A Estação não era Nova. E uma faixa lá dizia:
Se aprochegue povo: é a Fêra da Filosofia!
Os filósofo vendendo suas ideia na pracinha
Gente doida, ideia doida, Deus do céu, é o que mais tinha
A coisa era tão louca, ó dona moça me deixe
Que eles se ocupavam mais em bater boca
Do que em vender seu peixe!
Na primeira barraquinha, um velho com ar de mágoa:
Esqueceram dele: era o tal do Tales do Olhos dágua!
Anaximandro do Espeto com o churrasco de Apeirón
E seu pupilo Anaxímenes esculhambando: não tá bom!
Pitágoras com a sua música divertindo a molecada
Parmênides vendendo o ser, sempre a troco de Nada!
Heráclito fazendo todo comprador de otário
Pois na hora de pagar, já mudou, tava mais caro!
A galera da muamba tava ali num entra e sai
Era a turma dos Sofistas que veio do Feiraguay
Sócrates da passarela vendendo sabedoria
Mas era tanta pergunta que o comprador desistia
Platão do Alto do Cruzeiro vendendo um troço profundo
Mas você paga primeiro, e só recebe no outro mundo
Aristóteles do Tomba, lucrando no fino trato:
O que eu vendo tem potência, venha receber no ato!
Diógenes da R Carvalho propondo um lance incomum:
Se a coisa tá barril, pode vir que eu compro um!
Epicuro danadinho só na chepa e na carona
Curtindo no sobradinho com os mano, as mina e as mona!
A manhã já foi passando, sol batendo na moleira
E a galera da Europa cristã chegou na Feira!
Com um trocadilho infame, um frade dos capuchinhos
Venha experimentar um Santo Tiragostinho!
Do lado, o Tomás de Aquino, mestre da venda casada
Vendendo Fé com Razão, meu irmão, ou tudo ou nada!
Já tava faltando carne... e o centro de abastecimento
Mandou em peso a galera boa do Renascimento
Veio uns brother cientista, da Rua Nova e dos Palmares
Com um tal de Newton lá do observatório antares!
O cliente tem razão, se pensou está pensado
Disse em Meditação o René do Carteado!
Baruch da Barroquinha disse: a coisa não tá prosa
E um judeu nos deu, de graça, a Ética de Spinoza!
Um cara bem liberal, estiloso e chei de truque
Vendendo relógio inglês... qual o seu nome? John Locke!
Dois empiristas na lombra divertindo a platéia:
Um disse: tudo é impressão. O Outro disse: é ideia...
Vendendo droga pesada, sintética e viciante
Escondido lá na esquina Manoel o trafiKant!
Junto com ele uma turma bem sinistra do Alemão
E a turma do Conceito, que vem lá da Conceição
Lá do centro industrial, chega a turma da invasão
Uma faixa: compre a sua foice, venha pra Revolução...
Enquanto, da Santa Mônica, a turma lá da Direita
Diz: feira livre é um Mercado, deixa que tudo se ajeita!
Já estava anoitecendo, e eu tive que abrir o gás
Mas a Feira não acaba... vem que amanhã tem mais!
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