Equilíbrio no Fundamento
Sefirat ha'Omer
Semana 6 Dia 3 - Tiferet de Yesod
Ao nível simbólico, Yesod é a Alma e Tiferet, o Espírito.
O Espírito é interioridade:
permanência, lealdade, escuta, nutrição orientadas a si mesmo.
A alma é também dentro, mas é interioridade orientada ao mundo.
Nos mitos, é comum vermos a Alma e Espírito como Princesa e Príncipe.
As núpcias destes Princípios são o começo da jornada
rumo à realeza interior
na qual ambos se revelam como Rei e Rainha internos.
A Cabala traça um intinerário para esta ascensão.
E muitas verdades cabalísticas, alquímicas, astrológicas
se ocultam nos contos de fadas.
Uma forma discreta para as transmitir século após século.
Mas, ao vestir conceitos profundos, usou-se as roupas da cultura de então.
E muitas coisas envelheceram mal:
as alegorias da passividade e receptividade do princípio feminino adormecido,
e as do caráter heróico e salvador do princípio masculino encantado.
Reações hoje brotam, impugnando a serventia destas estórias, ou mesmo propondo enredos diversos e finais alternativos.
Mas, o quanto esta justa rebelião, pelo desmomnte de narrativas patriarcais opressoras, não insiste também na mesma desconexão contemporânea entre Alma e Espírito?
Como realizar aquela rebelião sem esta desconexão?
Mais ainda: como porpor um novo lugar de conexão Alma-Espírito como fonte de uma nova matriz civilizatória Matrifocal?
Não há caminho para uma Renascença matriarcal na continuação desta cisão.
O Caminho é Tiferet (Equilíbrio) em Yesod (Fundamento).
Nem repetir velhas histórias do velho jeito de mil anos atrás
(afinal, o patriarcado de fato se apoderou delas para desviá-las de sua finalidade)
E nem abandoná-las sem meditar sobre o que as fez surgir
(jogando fora a criança junto com a água do banho).
Cada nova época tem seus mitos, narrativas e símbolos.
Ouçamos de novo o feminino protagonista contar novas histórias de princesas e rainhas
nas quais o masculino não mais apareça como o redentor/salvador.
Como você recontaria este enredo cósmico, com as roupas de hoje e com as cores da utopia (a sua utopia pessoal e a da cultura ou contracultura que te guia)?
Thiago El-Chami
Nenhum comentário:
Postar um comentário