Realeza no Fundamento
Sefirat ha'Omer
Semana 6 Dia 7 - Malkuth de Yesod
O fundamentalismo é velho como o mundo.
Mas muitos não o distinguem do terrorismo.
Meu avô cultivava os fundamentos do Islã.
Chegou ao Brasil sem falar Português.
Mas, onde morava, descobria a direção de Meca e rezava nela.
Terrorismo é fanatismo:
um fundamentalismo fanático, um fanatismo fundamentalista.
Chamá-lo assim evitaria injustiças.
Todos nós temos apego aos fundamentos.
Há muitos demolidores e desconstrutores hoje em dia
Mas há tanta violência ao derrubar muros alheios
quanto hipocrisia a preservar muralhas nossas.
O Fundamento é como uma semente.
Cultivá-lo é cuidar que floresça.
Cultivar Gandhi não é depositar flores ao jazigo
mas continuar sua mensagem e ações.
Cultivar Elvis é escutá-lo, tocá-lo, cantá-lo, dançá-lo.
Às vezes, preferimos cultuar um fundamento na forma morta.
Por que não torná-lo pulsante em nós?
Uma linda tradição, em uma de suas versões,
venera o fundamento pelo mistério da morte e do além dela.
Há todo um fundo teológico respeitável em como fazem isto hoje.
Mas também houve um lado político lá na origem:
como os romanos passariam a seguir,
em lugar de seus deuses,
um homem cuja vida era a total contestação do Império?
Roma abraçou o Cristo quando já decadente
os cristãos se multiplicavam todos os dias
e já não os podia exterminar.
E um Jesus vivo, andarilho, pobre, trabalhador
heterodoxo, visionário, pensante e atuante
seria demais.
Louvável o mistério do Rei na Cruz
Alegoria do Espírito na Quaternidade da matéria.
Porém, ela sempre me inquietou,
pois, aquém e além da Cruz,
o Rei (o fundamento) está vivo:
Eu não louvo este Cristo à cruz pregado
Cujas chagas em flor o sangue banha;
Eu não louvo este Cristo maltratado
Pela malta romana atroz, tacanha
Amo o Jesus menino iluminado
Cuja Estrela aos três magos acompanha
Amo o Jesus profeta extasiado
Dando ao povo o Sermão lá na Montanha
Tirem o Cristo da cruz do homem velho!
Deixem-no vir trazer seu Evangelho!
Deixem-no, outra vez, conosco estar!
Parem com este martírio milenário!
Já o erguemos uma vez, lá no Calvário:
por que pregá-lo, de novo, no Altar?
Thiago El-Chami
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