Ar e Água – elementos complementares do Espiritualismo imanentista


Ar e Água não são elementos originários na tessitura orgânica do real, na perspectiva do Espiritualismo imanentista. Ao contrário, são derivados, respectivamente, do Fogo e da Terra.

Ambos correspondem à Mente, à dimensão ou aspecto intermediário entre Espírito e Matéria, entre Cardinal e Fixo. Representam o mutável, tanto por consistirem em modificações dos dois elementos primários, quanto por oferecerem caminhos de mediação entre um e outro, como, ainda, por se intercambiarem com bastante frequência.

1.  Razão – Ar

1.1 Notas gerais. A mente, a gramática, o mago...

O Ar representa a Parte abstrata do aspecto Mente, ou seja a Razão.
Lida com Símbolos, realidades abstratas, em face das quais toda concretização é posterior.

Tem a ver também com transmissão, com comunicação.

Gramática em sentido amplo. As estruturas componentes de todos os conhecimentos, narrativas ou discursos.

Num sentido muito profundo, Mago é aquele capaz de gravar as palavras de poder.
O mago também está ligado às ideias e imagens, e é capaz de ensiná-las: imagem, magistério, magister

1.2 O conflito mental, o conhecimento e os segredos de guerra

O elemento Ar também se liga ao conflito, à disputa. Palavras e ideias são meios de duelar, são armas. E são também o início de todo conflito depois materializado em atos e golpes.

Não por acaso, Sacerdotes e altas castas guardavam o saber, por razões militares. Era preciso ter certeza que o aprendiz não se tornasse um desertor e levasse os segredos para o inimigo.

Também é o motivo do caráter oculto e hierárquico das ordens e corporações de Arquitetos e engenheiros até o medievo, pois precisavam ser de confiança.

1.3 As folhas e o conhecimento.

Noutra linha simbólica, equivalente à primeira, o Ar é simbolizado pelas folhas das árvores.

Este símbolo permanece no conceito do Livro – folhas de papel a guardar o conhecimento.

A Biblioteca do mago e floresta do xamã são o Mesmo.

Isto também explica, na cosmovisão africana, a relação de Oxossi com o conhecimento

Também a isto está ligado o mito de Odin – Pendurado na árvore por 9 noites Até ver as runas. As Runas – ranhuras das folhas da árvore da vida com que foi criado o universo

Há aí uma relação entre o Sopro de Deus e as folhas da árvore

Note-se, ainda, a relação etimológica entre o Grimório e gramática, no Francês.

1.4. As espadas míticas e o trivium

O elemento Ar ainda se liga com a questão da Justiça. Espada e balança estão sempre associadas em muitas narrativas.

Na Idade Média, a parte das artes liberais denominada Trivium era clara manifestação técnica do elemento Ar.

Retórica – Debate em vez de luta
Lógica, inclusive Marcial.

Uma ligação primordial entre o Conhecimento, a Palavra e a Guerra está no Registro das batalhas, um dos primeiros motivos para a evolução da linguagem como técnica de registro e transmissão.

Assim como o conhecimento guia o sábio, a Espada guia o guerreiro mitológico.

Assim foi com Gilgamesh – Anu lhe revelou tudo. Espada mágica, com sete rubis, e descida ao inferno. Se a espada perdesse rubi, perderia o fia.

De igual sorte, Inana resgata Dumuzil no inferno enfrentando sete demônios.

Lembre-se também da Espada flamígera do anjo que guarda o paraíso e o caminho da Árvore da Vida.

Há, ainda, Excalibur – retirar a espada da terra é tirar o conhecimento do símbolo que o vela. Depois, Arthur começa a matar os inimigos, até quebrar a espada num combate e precisar recorrer à Dama do Lago, quando ela passa a se chamar Excalibur, a renascida, a forjada duas vezes.

2. Água – Representa a Pequena fêmea ou útero (complementa o pequeno falo, espada, Ar)


2.1. Notas gerais. A Taça.

Simbolizada pelo naipe de Taças ou Copas, indica fecundidade, prosperidade, capacidade de gerar.

Não se passa água do rio a alguém, salvo com taças ou receptáculos.

A água representa os sentimentos, que podem ser límpidos e turvos, rasos e fundos, doces e amargos.

É um dos aspectos da Música, que trabalha ar e água, intelecto e emoção.

2.2 O Dilúvio

A Água está na matriz dos grandes mitos do Dilúvio.
Dilúvio, em aramaico e hebraico, se liga a ignorância.

Arca, por sua vez, se liga a escola cabalística

Noé tinha uma escola iniciática.

Os Animais, no mito, simbolizavam pessoas que escolheram escapar da ignorância, e trouxeram conhecimentos.

2.3 O Chifre

Chifre é oco e fálico, pênis e vagina

Dele brota prosperidade;

Cornucópia – Zeus era amamentado por uma cabra, que ele matou sem querer, e por isso a transformou em constelação. Seu chifre ficou no olimpo, e gerava ambrosia ou hidromel para alimentar os deuses.

Cornucópia pode ser a Universidade, por exemplo.

Entre os Celtas, Epona, deusa equina, era a deusa da prosperidade e dos cavalos

O Unicórnio – cavalo mágico só cavalgado por mulher pura e cujo chifre atendia desejos.

Em Roma, a cornucópia é taça de júpiter

Para os Nórdicos, Odin tinha chifre mágico pra beber na árvore da vida

2.4. O Santo Graal

Santo Graal é sincretismo da taça real com o cálice sagrado, que guarda o sangue de Jesus, que na verdade é a sua mensagem sofrida e vivida
.
Há, nos mitos, outros Caldeirões sagrados, como o de Asterix, e o das bruxas.



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