Disciplina na Tolerância
Sefirat ha'Omer
Semana 4 Dia 2 - Geburah de Netzach
A tolerância é uma qualidade que se desenvolve no exercício.
Ela é como a força ou a flexibilidade.
Abandonada ao acaso, ela tende sempre a diminuir.
A própria passagem do tempo a desafia.
Quanto mais velhos ficamos, tendemos a tolerar menos o modo de ser dos mais jovens.
E o próprio mundo de hoje também nos provoca a sermos cada vez mais intolerantes.
É tanta informação, tanto estímulo, tanta diferença que mal temos tempo de respirar.
Só que tolerar envolve respirar calmamente em meio às diferenças.
Quem tem baixa tolerância à frustração, logo se desespera.
Quem tem baixa tolerância à diferença, logo reage.
Reagindo, logo reage mais agressivamente.
E, como tudo, a tolerância começa na relação consigo mesmo.
Quanto mais escolho e sustento tolerar a mim mesmo
à minha pequenez e limitações, a meus erros por vezes insistentes,
mais me credencio a tolerar melhor o outro e ao mundo como são.
Quanto mais me tolero, mais me percebo necessitado da tolerância do outro.
E, por uma questão de consciência, percebo que o outro necessita da minha.
A diferença simplesmente existe.
É só pensar no trânsito urbano e rodoviário.
Nem todos dirigem com a mesma atenção, com o mesmo cuidado.
Nem mesmo com a mesma perícia ou capacidade.
Há quem aprendeu errado, aprendeu mal, desaprendeu.
Há quem tem limitações de visão, audição, movimentos.
Há carros com defeitos ou com menor tecnologia de auxílio.
Há ciclistas e pedestres sem a mesma percepção do espaço que a dos motoristas.
Há, também os animais.
Há, por fim, os defeitos das vias e dos espaços coletivos.
Se a minha forma de dirigir não dá conta de tolerar tudo isto, ela é inadequada.
Ou será que o mundo todo deve se consertar para que eu me conserte?
Ei você, que ainda se ilude
Esperando o mar secar:
Não espere que o mundo mude
Pra você depois mudar.
Thiago El-Chami
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