Fundamento na Justiça
Sefirat ha'Omer
Semana 3 Dia 6 - Yesod de Tiferet
Todos conhecem a história do julgamento de Salomão.
As duas mulheres disputavam a criança.
E a Justiça foi feita ao não ser aplicada.
Compare-se com outra alegoria.
Dois irmãos disputavam uma laranja.
Um queria a polpa para fazer suco.
O outro, a casca para fazer um bolo.
A mãe chega, e ao ver tamanha discussão, toma uma decisão:
Parte a laranja no meio.
No dia seguinte, encontra as duas metades no lixo.
A solução não serviu a ninguém.
A pretensão dos dois era conflituosamente a mesma: a laranja.
Mas seus interesses não eram antagônicos, eram só diferentes.
Eram, inclusive, complementares.
Pois a mesma ação, descascar a laranja, ajudaria aos dois.
Mas a mãe não escutou.
Sem escuta, não se faz Justiça.
Escuta é o Fundamento (Yesod) da Justiça (Tiferet).
Por isto, a Justiça é representada cega: há que escutar bem para decidir bem.
Salomão escutou profundamente. Para além do que segunda mulher disse.
Ela proferiu uma declaração de renúncia, ele escutou uma prova de maternidade.
Já a mãe não escutou os filhos: ela tinha um 3° interesse, antagônico aos dois.
Ela queria extinguir o conflito, não resolvê-lo. A solução só prestou para ela.
Muitas vezes, a Justiça, como Instituição, se interpõe como um terceiro que afasta ainda mais os lados em contenda.
Mas a Justiça como realização é tão mais perfeita quanto menos deixa conflito após a sua manifestação.
No nível máximo, a Justiça é Mediação. E o seu resultado é Conciliação.
Além de escutar profundamente as partes, fazer com que elas se escutem uma à outra.
Ou seja, que voltem a se comunicar.
Os romanos diziam: "a Justiça a todos agrada, mas ninguém a quer em sua casa".
Estamos em casa onde escutamos e somos escutados.
Você é uma pessoa justa com o outro? E consigo mesma?
O quanto você escuta?
O quanto você se escuta?
Thiago El-Chami
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