Equilíbrio na Tolerância
Sefirat ha'Omer
Semana 4 Dia 3 - Tiferet de Netzach
Tolerar tudo já deixa de ser tolerância.
Todo mundo sabe disso.
Mas tolerar quase nada também já não é tolerância.
Nunca foi.
Há que se ter equilíbrio, como em tudo.
Mas, na balança, a tolerância não está em um dos pratos.
Está nos dois.
Se eu supostamente 'equilibro' as coisas tolerando metade das coisas que você faz
eu estou sendo intolerante a metade do tempo.
A tolerância é a capacidade total dos pratos da balança.
O que eles suportam sustentar.
A quantidade de coisas que posso botar no prato do outro é a mesma do meu.
Uma tolerância reciprocamente grande, é o que eu desejo para mim.
Voltaire, tantas vezes sarcástico, escreveu um Tratado sobre a Tolerância em 1763.
Foi levado a isso ao tomar conhecimento do caso de Jean Calas, homem protestante.
A França era católica.
O filho de Jean, que converteu-se ao catolicismo, suicida.
Jean foi acusado de matá-lo para impedir sua conversão.
A família é presa, e sob pressão do povo e de clérigos, Jean é condenado a uma morte dolorosa.
Sem provas.
Ao tomar conhecimento do processo, anos depois da execução, Voltaire inicia uma campanha.
Escreve a vários reis e rainhas, a outros escritores e a pessoas influentes.
Consegue reabrir o processo e declarar a inocência de Jean, reabilitando a sua família.
E Voltaire, que escreveu cententas de peças de teatro, tratados e que morreu glorificado como ídolo maior da França, em seus instantes finais, pediu que colocassem em sua lápide:
"Ele defendeu Jean Calas".
Ele fez justiça em nome da tolerância.
Tiferet de Netzach.
Considerou isto como o ato mais digno de sua existência.
Pois este homem, que praticou e escreveu sobre a Tolerância, no último capítulo de seu tratado, nos apresenta o limite da tolerância e a única exceção a ela:
"não tolerar os intolerantes".
O que, claro, não significa já agir com intolerância extrema, com violência, por exemplo.
Mas não permitir que a intolerância se manifeste já nas suas menores expressões.
Pois daí ela vai ganhando forma e espaço.
E, mais uma vez, isto começa de dentro pra fora.
Thiago El-Chami
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