Compromisso na Tolerância
Sefirat ha'Omer
Semana 4 dia 6 - Yesod de Netzach
Não basta não ser racista, machista, homofóbico...
É preciso rechaçar a intolerância.
Mas, como?
Há quem defenda a tática do "fogo nos intolerantes".
Toda reação diante da selvageria é compreensível.
Há vários modos de reagir.
E há uma explicação para isto:
o famoso 'paradoxo da tolerância', do filósofo Karl Popper.
Em uma sociedade aberta, a tolerância ilimitada leva à aniquilação da tolerância.
Pois estimula que mais intolerância surja.
Considero, porém, que situação semelhante ocorre do outro lado da ponte.
Sim, vejo também um paradoxo da intolerância...
Há, pelo menos, seis modos de reagir ao intolerante.
Tolerância
Máxima: deixar passar como mera opinião.
Média: contestar racionalmente com argumentos em diálogo público.
Mínima: repúdio em discursos e ações simbólicas como protestos.
Intolerância
Mínima: respostas sociais extrajudiciais como cancelamentos e demissões.
Média: respostas administrativas e judiciais (tornando crime ou infração)
Máxima: exceções legais ou extralegais de violência
A intolerância como 1ª resposta instrumentaliza estratégias intolerantes.
Esse é o paradoxo.
1: pense num membro de grupo intolerante cuja singularidade o inclua abstratamente numa minoria com a qual não se identifique
2: pense nas contradições de boa fé.
Humanos e complexos, podemos integrar minorias e sermos passíveis de intolerância noutros domínios.
Quantas injustiças ou no mínimo excessos irreversíveis podem ocorrer em respostas descalibradas ou usos ilegítimos nestas zonas de penumbra?
Mas o exemplo mais contundente é o da esfera política.
Grupos reciprocamente intolerantes com o pretexto da mera resposta:
do que são capazes?
Por isto, destruir a intolerância não é, por si só, defender a tolerância.
Posso ser intolerante e atacar a intolerância alheia.
É preciso, portanto, comprometer-se com a tolerância.
É preciso ensinar a tolerar, cobrar tolerância, exigir que tolere.
É preciso agir, reagir, prevenir, combater.
Mas, para isto, é preciso tolerar.
Thiago El-Chami
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