Para negar a possibilidade da comunicação dos espíritos, o cético deverá provar:
1º que o ser pensante, que existe em nós durante a vida,
não mais pensa depois da morte;
[para fazê-lo, o cético deveria provar que o pensamento é um epifenômeno ou subproduto do processo fisiológico cerebral, por exemplo. Os que tentam fazê-lo confundem causa e condição: o cérebro é condição da manifestação física do pensamento, mas sua causa é o espírito]
2º que, se continua a pensar, está inibido de pensar naqueles
a quem amou;
[até mesmo espiritualistas dogmáticos acreditam na descontinuidade radical entre os dois planos de existência. Há que pense que as almas dormem um prolongado sono, a aguardar o dia do Juízo. Outros pensam que elas seguem direto para o inferno ou para o paraíso. E o que é pior: não se incomodam que as almas venturosas consigam ser felizes lá no céu sem se importar com os amados que cá deixaram, em completo esquecimento e ocioso deleite]
3º que, se pensa nestes, não cogita de se comunicar com
eles;
4º que, podendo estar em toda parte, não pode estar ao
nosso lado;
5º que, podendo estar ao nosso lado, não pode comunicar-se
conosco;
6º que não pode, por meio do seu envoltório fluídico, atuar
sobre a matéria inerte;
7º que, sendo-lhe possível atuar sobre a matéria inerte,
não pode atuar sobre um ser animado;
8º que, tendo a possibilidade de atuar sobre um ser animado,
não lhe pode dirigir a mão para fazê-lo escrever;
9º que, podendo fazê-lo escrever, não lhe pode responder
às perguntas, nem lhe transmitir seus pensamentos.
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