Os Quatro Compromissos - Capítulo 1 – A Domesticação e o Sonho do planeta


Capítulo 1 – A Domesticação e o Sonho do planeta

1 – Tudo isto é Sonho: com o cérebro acordado ou dormindo. Dura 24h. Sonhar é a principal função da mente.
2 – Antes de nascermos, foi criado o sonho do planeta. E criaram o sonho da sociedade. Sonhos coletivos de bilhões de sonhos pessoais, familiares, escolares, nacionais, etc. Leis, religiões, culturas – sonhos.
3 – Ao nascer, capturamos a atenção da criança e a ensinamos (pais, escola, etc) a sonhar.
4 – Atenção é capacidade de discriminar e focar no que querermos perceber. Percebemos muito a cada instante, mas atentamos a poucas coisas em primeiro plano. Nossa atenção cotidiana é uma forma de distração.
5 – Adultos, pela repetição, capturaram nossa atenção desde a nossa infância e colocaram em nós informações que moldam como vemos o mundo.
6 – Aprendemos também a chamar a atenção, buscá-la, necessitar dela, desde meninos. ‘Veja o que estou fazendo!” “Estou aqui!”. Aprendemos a competir. Competir pela atenção, e daí por tudo o mais.
7 – A linguagem é o código para entendermos tudo e uns aos outros. E cada letra e palavra é um acordo. Por ela, quando se compreende o código, se transmite energia de uma pessoa a outra, quando a a energia é capturada. Aquele que nos ouve nos dá sua atenção e nos doa a sua energia. Querendo ou não. De forma positiva ou negativa.
8 – Não escolhemos a língua que falamos e nem a maioria esmagadora de nossas crenças. Nem o nosso nome. Recebemos tudo.
9 – Todo este processo é uma domesticação. A informação do sonho exterior é conduzida para o sonho interior que é o Eu. Vira o nosso sistema de crenças.
10 – O sistema de crenças ensina o que é certo ou errado, como devemos viver. E com isso, ensina a julgar, tudo e todos. Inclusive a nós mesmos.
11 – Domesticamos crianças como os animais: treinando com castigo e recompensa o quebrar ou cumprir a regra imposta a elas.
12 – A recompensa ou punição é sempre atenção - atenção dada ou negada. Logo, continuamos a fazer o que os outros querem que façamos para ter a recompensa.
13 – Ao tentar agradar para ter atenção, fingimos ser o que não somos. Copiamos sistemas de crenças dos outros.
14 – O medo de não ter atenção, de ser rejeitado, torna-se o medo de não ser suficientemente bom. Por isso, copiamos mais e mais e mais padrões externos.
15 – A certa altura, não precisa que ninguém mais nos domestique. Nos domesticamos docilmente. Punimos a nós mesmos quando não cumprimos nosso sistema de crenças. Nos recompensamos quando somos bonzinhos.
16 – Ao nos domesticarmos, criamos nosso próprio Livro da Lei. Com ele, surge o juiz em nós, a julgar tudo – o que fazemos ou deixamos de fazer, o que pensamos ou deixamos de pensar. Várias vezes ao dia o Juiz aponta que descumprimos o livro da Lei.
17 – Além do Juiz, existe a Vítima em nós também. Esta carrega a culpa, a responsabilidade e a vergonha. Ela se acusa de não ser boa, e o juiz confirma a condenação.
18 – Isto, que já é trágico, é ainda pior porque não escolhemos o sistema de crença com que nos vitimamos, julgamos e punimos.
19 – Justiça é pagar uma vez pelo erro. Mas pagamos milhares de vezes pelo mesmo erro. O ser humano é o único animal que sofre e pratica esta injustiça. Por causa da memória.
20 – Cada vez que lembramos, nos punimos. E marido, mãe, filho, todos nos ajudarão a lembrar o erro e o punir. Em nós e no outro.
21 – Cada vez que lembramos a alguém um erro cometido, o punimos de novo, enviando veneno emocional.
22 – Isto é ainda pior porque o Juiz julga a partir de um sistema de crenças quase todo falso.
23 – Sofremos porque acreditamos nessas mentiras armazenadas na mente.
24 – O sonho exterior do mundo é controlado pelo medo, que provoca guerras, violência e todo o mal que existe.
25 – Este mundo de sonho é igual ao inferno das religiões. Já estamos nele. Embora possamos permitir que as pessoas ou nós nos coloquemos num inferno ainda mais intenso, piorando o que já não é bom.
26 – Sonhamos o inferno pessoal em nossos medos – ciúme, inveja, ódio, raiva.
27 – Mas é possível sonhar um sonho agradável. E todos, no fundo, buscamos beleza, verdade, justiça.
28 – Procuramos beleza por não sabermos que já a temos interiormente. Buscamos verdade porque só acreditamos nas mentiras de nossa mente. Buscamos justiça porque ela não existe em nosso sistema de crenças.
29 – Não enxergamos a verdade. Só vemos nossas crenças ou acordos. Temos necessidade de estar certos e de os outros estarem errados.
30 – Confiamos em nossas crenças, e elas nos predispõem ao sofrimento.
31 – Cada mente é um nevoeiro que os toltecas chamam de mitote. Um sonho em que milhares de vozes falam ao mesmo tempo e ninguém se entende. Tudo isto em nossas mentes. Um falso Eu.
32 – A morte não é nosso maior medo. O maior medo é assumir o risco de estar vivo e expressar o que somos e não satisfazer os outros.
33 – Nunca iremos nos encaixar na imagem que criamos do que é ser bom.
34 – Daí, rejeitamos a nós mesmos! Não nos perdoamos por não sermos o que acreditamos que desejamos ser,  não nos perdoamos por não sermos perfeitos!
35 – Nos julgamos falsos, frustrados e desonestos, e nos escondemos de nós mesmos! Fingimos ser quem não somos.
36 – Julgamos os outros com base nessa mesma imagem de perfeição. E claro, eles não atendem!
37 – Desonramos a nós mesmos pra agradar. Até maltratamos nosso corpo, como os jovens que consomem drogas para serem aceitos.
38 – Ninguém nos faz sofrer mais do que nós mesmos, nosso Juiz interno e nossa Vítima. Se alguém supera este limite, nos afastamos. Se fica abaixo, toleramos.

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