Papel dos conceitos puros do entendimento na Analítica Transcendental




As categorias (ou conceitos puros do Entendimento) são a forma transcendental dos juízos da lógica geral, isto é, são os modos pelos quais as espécies silogísticas, segundo Kant, se apresentam ao Entendimento como moldes conceptuais de organização da experiência. São a maneira pela qual as representações sensíveis se agrupam sob representações inteligíveis unificadoras, pela qual as intuições se deixam subsumir a conceitos, pela qual a receptividade das impressões se submete à espontaneidade do pensamento. 

As categorias derivam das formas lógicas do juízo. Mas não por por uma reflexão, por um raciocínio mediato (um movimento de premissas rumo a uma conclusão). Originam-se do que se pode chamar de inflexão transcendental, isto é, através do fio condutor da inversão epistemológica que as deixa de ver como propriedades do ser e as vislumbra como modos do conhecer.

Os conceitos puros do entendimento são, portanto, representações inteligíveis universais, matrizes de conceitos empíricos: causa, substância, realidade, etc. Em outras palavras, elas representam as condições de validade de qualquer asserção que se pretenda científica, uma vez que a ciência na visão kantiana se caracteriza pela nota da universalidade. 

Para Kant, só há ciência de objetos que se encaixem nalguma das doze categorias. Por isto mesmo, só há juízo sintético a priori quando a categoria é aplicada a objetos da experiência. 

Sem categoria, há apenas juízo sintético a posteriori. 

Sem objeto da experiência, não há uso válido da categoria. 

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