As Razões de Aristóteles 26 - Inferência mediata e imediata

O noûs, enquanto captação direta da realidade, apreende uma verdade em si mesma e por si mesma, sem a dependência de outras verdades para tanto. Apodítica e dialética, no entanto, enquanto formas de raciocínio, obtém verdades derivadas a partir de outras, primárias. Numa palavra: elas realizam inferências.

Não é nenhuma novidade para o estudioso de lógica, mesmo o iniciante, que os procedimentos lógicos são, essencialmente, baseados em inferências. Todavia, tende-se a compreender a inferência unicamente ao modo do raciocínio, quando não do silogismo, deixando-se de perceber uma coisa fundamental.

O silogismo é uma forma de inferência mediata. Nele, a partir de uma proposição, obtenho uma conclusão articulando aquela proposição inicial com uma outra. É desta conjunção que decorrerá, segundo regras, a conclusão.

Contudo, também é possível formas de inferência imediata. É possível extrair consequências de uma proposição sem o auxílio de outras proposições, unicamente mediante a aplicação de uma regra.
Por exemplo, quem diz “Todo homem é mortal” pode pensar que enuncia uma proposição simples, da qual nada se conclui. Entretanto, com um pouco de atenção, ele há de ver que dá a entender outras coisas:
a)      1 - Se há homem, nenhum homem é não-mortal
b)      2 - Se há algo não-mortal, ele não é homem
c)      3 - Se há homem, pelo menos algum mortal é homem

Outras possibilidades também podem ser pensadas. Cada uma destas proposições decorreu diretamente, imediatamente, da proposição inicial, mediante uma série de regras ou métodos: obversão, contraposição, etc.

De certa maneira, estas proposições podem ser consideradas traduções da proposição original. 

Todavia, elas também acrescentam informações relevantes para aquele que se disponha a efetuar o tratamento da informação inicial, com o uso de regras adequadas.


E com isto se aumenta o número de consequências a se extrair, inclusive, das formas mediatas de inferência. 

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