Compreender é padecer. É sofrer. É receber a influência de Algo externo a nós. É não Agir. É não ser livre.
Entender, ao contrário, é agir. É atuar sobre o mundo exterior. É libertar-se da passividade em relação a ele, pois toda passividade vem da ignorância.
Na perspectiva de Spinoza, começar a compreender Deus é começar a sofrer-lhe a influência. Neste sentido, é um padecer, um tornar-se passivo diante de algo maior.
Este padecer guarda alguma afinidade com o sentido psicológico de sofrimento. É verdade que o conhecimento de Deus engendra alegria em Spinoza, mas também gera aquele amor místico transbordante, decorrente de ainda não estar unido a Ele, o sofrimento em face da separação, dos limites impostos pela corporeidade.
Compreender Deus é não ser livre, no sentido de tomar consciência da própria Necessidade. Mas isto é o próprio livre-arbítrio de Spinoza. A falsa liberdade comum provinha da ignorância da real Necessidade.
Completando o sentido do paragrafo inicial, portanto, compreender é não ser livre diante de Deus, mas tornar-se livre do Mundo.
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