Conceitos Fundamentais da Metafísica -1ª Parte. 11. O tédio, o tempo e as 3 perguntas fundamentais da Metafísica



 Matamos o tempo para matar o tédio, para nos tornarmos senhores dele, diz Heidegger. O fazemos porque o tempo se torna longo para nós.

Mas o filósofo pergunta: e ele, acaso, deve ser curto? Não é justamente um tempo longo o que todos desejam para si mesmos?

Heidegger então recorda um uso linguístico alemão, no qual “ter um tempo longo” equivale a “ter saudades da pátria”. É algo semelhante como o nosso dito “estar fora de casa” ou “estar deslocado”, usado para a sensação de distanciamento em face de um lugar ou tempo que não é o nosso.

Em todos estes casos, o tédio é a TA fundamental.

Mas, o que fazer para compreender isto? Trata-se de colocar, diante do tempo, sentimentos do tempo ou sobre o tempo (um deles, neste caso)?

Deve-se compreender o tempo para apreender o tédio? Ou o contrário?

Mundo, finitude, solidão (ou singularização): como estas três questões se relacionam com o tempo? Como fazê-las irromper a partir desta Tonalidade Afetiva fundamental, o tédio?

Para Heidegger, talvez não conheçamos a essência do tédio precisamente porque ele se tornou essencial para nós.

Tal tédio profundo nem anima nem desanima. E é tão afinado a nós que nem parece estar aí.

Para chegar nele, não há que se empreender nada. Mas, por quê? Porque, em relação a ele, já sempre se empreendeu demais, já sempre se buscou evadi-lo, expulsá-lo.

É preciso aprender, pois, este não-se-contrapor, mediante um deixar-ressoar.

Para isto, é preciso aproximar-se dele. Devemos tirá-lo de sua indeterminação.

Contudo, isto não deve ser feito por dissecação de vivências anímicas (entes simplesmente dados na consciência), mas por uma aproximação de nós mesmos, enquanto seres-aí. Ambiguidade...



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