Apodítica
e dialética utilizam-se de raciocínios silogísticos no encaminhamento de suas
conclusões.
A primeira delas busca a convergência necessária das proposições, a
redução da pluralidade de teses à tese única e correta.
A
dialética, porém, sabe conviver com o impasse. E, inclusive, se serve dele para
chegar às suas conclusões por outro caminho.
Para
uma demonstração apodítica, implicar dois resultados antagônicos entre si
aponta para duas possibilidades: a falsidade de uma ou ambas de suas premissas,
ou a invalidade da forma de raciocínio.
A
contradição (antiphasis) é fatal para a apodeixeis
(demonstração).
Mas,
o que é uma contradição?
Dito
de maneira direta: é a simultaneidade de uma afirmação (kataphasis) e uma negação
(apophasis), imediatamente, sem intermediários.
Trata-se
de afirmação e negação simultâneas sobre a mesma coisa: o homem é mortal e não
mortal.
Observe-se
a condição temporal apresentada: ao mesmo tempo. Em momentos diferentes, a
mesma coisa pode assumir valores ou predicados contraditórios. O mesmo corpo
que é branco ao início do verão poderá, ao final deste intervalo de tempo,
assumir o predicado não-branco. Não pode é ser branco e não-branco ao mesmo tempo.
A
dialética lida com contradições efetivas, simultâneas. Mas, como ela se serve
delas? Justamente do modo que a apodítica não pode fazê-lo. Se a apodítica
precisa provar pela não-contradição, a dialética pode, dentre outras
possibilidades, provar pela contradição.
A
apodítica apela para a coerência interna de um argumento. A dialética, para a
incoerência interna do argumento oposto.
Levar
o argumento oposto a uma contradição significa provar o argumento que se
pretende.
Refutar
todas as outras alternativas, por contraditórias, significa provar a
alternativa restante.
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