Na
sua procura pelo universal, a Dialética precisa lançar mão de alguns recursos
tendentes a dar conta de des-particularizar o conteúdo da proposição da qual
ele parte.
Em
primeiro lugar, a Dialética cuida de elaborar adequadamente o problema a
investigar.
A
Apodítica não lida com problemas, mas com respostas. Ela busca comprovar a
validade de certas respostas, reconstruindo silogisticamente as etapas de
demonstração da conclusão. Ou então, ela se detém na análise de uma resposta
recebida, de um princípio universal adotado como premissa, e passa a proceder à
extração metódica de conclusões, mediante processos de inferência mediata e
imediata.
A
dialética, em contrapartida, parte de um não-conhecimento, de uma ignorância
inicial da coisa sob questão. Mais do que isto: ela, normalmente, precisa
decidir a maneira adequada de abordar a tal da coisa. Para isto, ela cuida de
elaborar o problema, formulando-o em termos que o permitam chegar a uma
solução.
O
método é aquilo que encaminha e dá sentido ao saber. A dialética parte do
não-saber inicial, de modo que necessita sobremodo do método. Todavia, o objeto
investigado pode ser ilustrado como um ponto espacial numa imensa área descampada.
Dele, se pode partir para infinitas direções concorrentes. Infinitos caminhos,
dos quais a maioria absoluta será descaminho e fuga.
Somente
a adequada formulação da questão fará com que a direção correta se insinue já
de partida, evitando futuras correções de rumo que desperdiçam apuro e exigem o
descarte de inúmeros passos então já dados.
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