O
noûs, enquanto captação direta da
realidade, apreende uma verdade em si mesma e por si mesma, sem a dependência
de outras verdades para tanto. Apodítica e dialética, no entanto, enquanto
formas de raciocínio, obtém verdades derivadas a partir de outras, primárias.
Numa palavra: elas realizam inferências.
Não
é nenhuma novidade para o estudioso de lógica, mesmo o iniciante, que os
procedimentos lógicos são, essencialmente, baseados em inferências. Todavia,
tende-se a compreender a inferência unicamente ao modo do raciocínio, quando
não do silogismo, deixando-se de perceber uma coisa fundamental.
O
silogismo é uma forma de inferência mediata.
Nele, a partir de uma proposição, obtenho uma conclusão articulando aquela
proposição inicial com uma outra. É desta conjunção que decorrerá, segundo
regras, a conclusão.
Contudo,
também é possível formas de inferência imediata.
É possível extrair consequências de uma proposição sem o auxílio de outras
proposições, unicamente mediante a aplicação de uma regra.
Por
exemplo, quem diz “Todo homem é mortal” pode pensar que enuncia uma proposição
simples, da qual nada se conclui. Entretanto, com um pouco de atenção, ele há
de ver que dá a entender outras coisas:
a) 1 - Se
há homem, nenhum homem é não-mortal
b) 2 - Se
há algo não-mortal, ele não é homem
c) 3 - Se
há homem, pelo menos algum mortal é homem
Outras
possibilidades também podem ser pensadas. Cada uma destas proposições decorreu
diretamente, imediatamente, da proposição inicial, mediante uma série de regras
ou métodos: obversão, contraposição, etc.
De
certa maneira, estas proposições podem ser consideradas traduções da proposição original.
Todavia, elas também acrescentam
informações relevantes para aquele que se disponha a efetuar o tratamento da
informação inicial, com o uso de regras adequadas.
E
com isto se aumenta o número de consequências a se extrair, inclusive, das
formas mediatas de inferência.
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