As Razões de Aristóteles 30 - Segunda etapa da dialética aristotélica

Na sua procura pelo universal, a Dialética precisa lançar mão de alguns recursos tendentes a dar conta de des-particularizar o conteúdo da proposição da qual ele parte.

Em primeiro lugar, a Dialética cuida de elaborar adequadamente o problema a investigar.

A Apodítica não lida com problemas, mas com respostas. Ela busca comprovar a validade de certas respostas, reconstruindo silogisticamente as etapas de demonstração da conclusão. Ou então, ela se detém na análise de uma resposta recebida, de um princípio universal adotado como premissa, e passa a proceder à extração metódica de conclusões, mediante processos de inferência mediata e imediata.

A dialética, em contrapartida, parte de um não-conhecimento, de uma ignorância inicial da coisa sob questão. Mais do que isto: ela, normalmente, precisa decidir a maneira adequada de abordar a tal da coisa. Para isto, ela cuida de elaborar o problema, formulando-o em termos que o permitam chegar a uma solução.

O método é aquilo que encaminha e dá sentido ao saber. A dialética parte do não-saber inicial, de modo que necessita sobremodo do método. Todavia, o objeto investigado pode ser ilustrado como um ponto espacial numa imensa área descampada. Dele, se pode partir para infinitas direções concorrentes. Infinitos caminhos, dos quais a maioria absoluta será descaminho e fuga.

Somente a adequada formulação da questão fará com que a direção correta se insinue já de partida, evitando futuras correções de rumo que desperdiçam apuro e exigem o descarte de inúmeros passos então já dados.


Nenhum comentário: