A
demonstração apodítica tende ao particular; ou, no limite, ao mesmo nível de
generalidade. Assim, diante de duas relações universais, é possível deduzir uma
terceira relação universal. Mas também é possível, a partir de uma premissa
universal, acrescida de uma outra premissa particular, deduzir uma conclusão
singular.
Porém,
não é possível, no plano da demonstração, obter uma conclusão mais universal do
que as premissas. Esta é a limitação da apodítica: ela necessita de que
princípios universais sejam dados, obtidos através do noûs, para que ela possa raciocinar e concluir.
Com
a Dialética, porém, a situação é diferente. Em regra, o pensamento dialético
parte de um problema, não de uma resposta prévia. As endoxa, ou opiniões autorizadas de que ele se utiliza nas primeiras
etapas do processo, consistem em pontos de vista particulares (ainda que
eventualmente sobre temas universais), que serão confrontados com outros pontos
de vista, na busca por atingir os princípios fundamentais do assunto, as
premissas verdadeiras das quais então retornar demonstrativamente para extrair
as consequências.
Assim,
da sua fraqueza inicial, a Dialética faz a sua força. Ela não pode partir de
certezas, não as possui. Não recebe do noûs
o princípio universal já dado. Mas, enquanto a apodítica tende ao particular,
por já partir do universal, a dialética pode ascender investigativamente ao
universal.
Evidentemente,
nem sempre a ascensão ao universal será vitoriosa. A dialética pode tanto
terminar num impasse insolúvel, ou seja, numa aporia, bem como pode chegar a uma solução falsa, por ter partido
de endoxa falsos, ou não sabido
remontar as consequências.
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