O Castelo Interior - Segunda Morada - Não buscar os regalos espirituais. Abraçar a cruz. Queda e recaída.

Convém esquecer que há regalos espirituais. Desejar delícias na oração é construir na areia.

As moradas em que chove o maná são as interiores, nas quais a alma tudo sabe porque só quer o que Deus quer.

Ainda temos mil embaraços, nossas virtudes mal despontaram e já queremos delícias e reclamamos da secura!

Abraçai a cruz e padecei o que puderdes. Se vier consolo, rendei graças.

Há quem diga se entregar aos trabalhos exteriores se bem receber consolos interiores. Isto é aconselhar a Deus sobre como distribuir seus dons.

Quem começa na oração deve esforçar-se e trabalhar para ajustar sua vontade à Dele.

Quem mais isto fizer, mas se adiantará e Dele receberá. Por isto ele permite que nos venham maus pensamentos, que as serpentes nos mordam e nos envia securas.

Deus tira grande bem de nossas quedas, como o vendedor de triaga que bebe veneno para provar que ela é boa.

Busquemos sossego em nossa casa interior, em vez de lá fora, ou na casa alheia.

Enquanto não o fizermos, nossas potências interiores declararão guerra aos nossos vícios, e não teremos paz.

A recaída é pior do que a queda.

Confie-se infinitamente em Deus, e nada em si. E ele nos conduzirá, de morada em morada, até aquela onde os animais não podem entrar. E nos dará bens e consolos incomensuráveis.

Recolha-se, pois. Mas não à força de braços, e sim com suavidade.

Alguns quererão nem entrar no castelo, por medo de retroceder depois. Mas quem vive no perigo, nele perece.

È desatino achar que se pode entrar no céu sem entrar em si mesmo para conhecer as próprias misérias.

Só se entra pela oração. "Ninguém vem ao Pai senão por mim".

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