Pouco se sabe da vida de Anaxímenes, apenas se tendo por certo que foi discípulo de Anaximandro. Como ele, também escreveu um livro
chamado “Sobre a Natureza”. Também foi astrônomo, provavelmente professor.
Se Anaximandro, por assim
dizer, espiritualizou a Physis
(realidade oculta) de Tales, Anaxímenes, por sua vez, irá naturalizar
novamente o princípio ou arché de Anaximandro, situando-se numa composição
intermediária entre seus dois precursores. Para ele, o apeíron é o princípio de
tudo, como para Anaximandro. Mas este Apeíron não é mais uma indeterminada e
transcendente Lei; ao invés disso, volta a ser um elemento imanente a todas as
coisas, como para Tales, mas não mais a Água deste, e sim o Ar. Como bom
discípulo de Anaximandro, não admitirá que se trata deste ar finito que nos
circunda e sopra como vento: não, trata-se de um Ar Infinito (Pneuma Apeíron),
algo como um sopro vital que perpassa todas as coisas, e dá origem a todas
elas. Desde já, note-se que a tradução desta palavra grega “Pneuma” dará origem
ao latim “spiritus”. Aliás, como é de se esperar, Anaxímenes dirá que a alma,
princípio vital do homem, é formada pelo ar, aproximando-se da idéia judaica do
Sopro de Deus no barro inerte na criação de Adão.
Como Anaxímenes explicará a
formação de todas as coisas a partir deste Ar Infinito? Para isso, ele dirá,
como Anaximandro, que o Apeíron está em infinito movimento. Mas, ao invés de
dizer que as coisas emanarão deste movimento, como fez seu mestre, ele avançará
a uma explicação mais naturalista: dirá que esse movimento perpétuo do Ar é uma
espécie de sístole-diástole, em que se alternam condensação e rarefação. A
condensação deste Ar Universal dará origem às diversas coisas, da alma ao
resto, inclusive terra e água. E a rarefação deste implica a dissolução das
coisas e do mundo, e retorno ao puro Apeíron.
Anaxímenes descerá ainda
mais ao plano concreto em sua explicação, dando uma explicação verdadeiramente
fenomênica, ausente tanto em Tales quanto em Anaximandro. Ele dirá que o
movimento do Ar Infinito se dá na forma de vórtice (como um furacão ou
redemoinho), em que as partes mais condensadas ficariam no centro e as
rarefeitas no exterior. Assim, a terra densa seria o centro do vórtice cósmico,
e as estrelas rarefeitas seriam a sua extremidade.
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