Darwin e a adaptabilidade dos sistemas biológicos

Por Thiago El-Chami


O primeiro grande contributo para a ratificação do conceito de sistema no campo da ciência biológica – para além da perspectiva sistemática da antiga História Natural – é representado pelo evolucionismo de Darwin e Spencer. A partir de Darwin, a idéia central do pensamento científico no século XIX é a sinonímia entre sistema e organismo, e entre evolução e adaptação.

Da mesma forma como os seres vivos, de um lado, se adaptam às pressões do meio, e de outro, transformam-no pela ação reiterada, assim também todo sistema consistiria um mecanismo de adaptação de uma realidade intra-sistêmica a uma ambiência extra-sistêmica, que agiria sobre aquela, mas que seria igualmente por ela transformada.

Este esquema pode ser aplicado tanto ao organismo biológico concreto quanto à espécie como um todo, e até às diversas populações de uma espécie. Nas palavras de Darwin: "A essa preservação de variações favoráveis e rejeição de variações prejudiciais eu chamo de seleção Natural"i.

A noção de sistema aqui ressurge, aliando à ‘abertura temporal’ anteriormente aludida, a ‘abertura espacial’. A perspectiva integradora do sistema biológico com o natural promove a eclosão da Ecologia no século XX, que estuda justamente as interações como elementos estruturais, que atuam tanto na configuração do indivíduo como na do ambiente, que possuiria ritmo e ordem resultantes da síntese unificadora de cada uma das condutas dos exemplares, dos grupos, das espécies, isoladas ou conjuntas, nos habitats, nos Ecossistemas e na Biosfera.

i DARWIN, Charles, apud LINHARES, Sérgio. Biologia. 1ª ed. São Paulo: Ática, 2005, p. 422.

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