Política e Poder: faticidade e ambientalidade

Por Thiago El-Chami


Em sentido amplo, a palavra política se refere ao poder, sob diversas nuances, quer “compreendendo a luta por sua conquista, manutenção e expansão", quer "às instituições por meio das quais ele se exerce, ou a reflexão sobre a sua origem, estrutura e razão de ser”1.

Tal conceito explicita a abrangência do referido fenômeno na vida social, bem como sua natureza peculiar, pois de um lado, mostra o caráter dinâmico do mosaico de forças em que se articula a política na sociedade; de outro, aponta que o poder político, ao contrário do espiritual, do militar, do econômico, não é mero poder de fato, decorrente da espontaneidade das relações, mas, ao contrário, um poder que surge em razão de algo, de um fim ou telos que o direciona.

Observe-se, entretanto, que, embora não originalmente fático, o poder político é aquele que adquire no tempo maior faticidade, razão por que se fala dele como poder em si mesmo, sem adjetivos.

Dizer que certos indivíduos detém o poder numa dada sociedade equivale a afirmar que eles podem realizar objetivos econômicos, culturais, militares, familiares, seus ou de toda a coletividade.

Esta libertação de fins determinados amplifica as possibilidades de realização do poder, mas também torna-o extremamente perigoso. É possível, pois, identificar o fenômeno político como sendo aquele pelo qual o indivíduo logra maior capacidade de atuação sobre o Mundo, entendido aqui como a totalidade da ambiência natural, social e cultural na qual se desdobra a vida do Homem; logo, trata-se do fenômeno mais genuinamente ambiental, ou melhor, multi-ambiental, da existência humana.

Pela política, se realiza a cultura, se dirige a sociedade, se domina a natureza.

1 Enciclopédia Mirador Internacional, 1983, vol XVI, p. 9045.

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