Para
Tomás,
a
sensibilidade
é
essencial
ao
ato
de
conhecer.
O conhecimento, em certa medida, é o resultado de um processo
de
assimilação
verificado na
relação
que
o sujeito guarda
com
o
objeto,
ou
seja,
é o produto da
impressão
que
o
cognoscido (objeto) exerce
sobre
o
cognoscente (sujeito). E a
sensibilidade,
nesta
relação
sujeito/objeto,
é
uma
fase
fundamenta,
por ser a origem do processo assimilatório.
Há,
portanto,
uma
“presença”
do
objeto
cognoscido
no
sujeito cognoscente,
que
é
percebida
pelo
processo
de
abstração
realizado
pela
potência
cumulativa
(potência
vegetativa+sensitiva+intelectiva).
O
ato
do
conhecimento
científico
se
dá
por
uma
atualização,
uma
passagem
da
potência
ao
ato:
a
possibilidade
de
conhecer
se
concretiza
em
conhecimento
efetivo,
a
capacidade
de
receber
se
torna
posse
do
recebido.
Isto
é
possível
porque
o
sujeito
e o
objeto
possuem a mesma
natureza.
É
necessário
que
o
objeto
exista
para
que
o
processo
de
conhecimento
ocorra;
mas
o
cognoscido
(objeto)
é
no
cognoscente
(sujeito)
conforme
a
capacidade
do
cognoscente.
Esta comum natureza
de sujeito e objeto, mediada pela capacidade de conhecer daquele, se
pauta pela forma.
A
forma
é
então
o
elo
entre
ambos, porém
“não
se
propõe
com
isso
que
o
objeto
em
nada
preserve
suas
características”.
Ao contrário, o
objeto
enquanto
conhecido
deve
ser
considerado
em
dois
aspectos
distintos
ou
modos
de
ser:
a) segundo
o
ser
que
possui
no
cognoscente
e
b) considerando
a
relação
com
a
coisa
da
qual
é
uma
semelhança”.
Assim,
o
objeto
conhecido,
ao
se
fazer
presente
no
sujeito
por
meio
da
assimilação,
assume
a
natureza
deste,
uma
vez
que
esse
reconhecimento
só
é
possível
porque
tanto
o
sujeito
como
o
objeto
possuem
a
mesma
natureza:
eu
reconheço
na
coisa,
através
do
conhecimento,
algo
que
está
em
mim.
Reconheço
porque
conheço.
Há
três
tipos
distintos
de
assimilação:
a
que
ocorre
na
nutrição
(potência
vegetativa),
a
que
ocorre
nas
relações
físicas
(potência
sensitiva),
e
a
assimilação
intencional
ou
cognoscitiva
(potência
intelectiva).
É
por
esta
ultima
que
o
sujeito
se
torna
da
mesma
natureza
que
o
objeto,
numa assimilação
que preserva
o
que
assimila.
Na
assimilação,
pois,
há
sempre
recepção
de
forma
por
parte
do
sujeito,
haurida do objeto;
tanto
a
assimilação
física
quanto
a
nutritiva
geram
corrupção
do
objeto
(alimento,
p.ex.,
vira
sangue
no
sujeito)
e
mudança
do
sujeito
(crescimento,
p.ex.);
mas na
assimilação
do
conhecimento
nenhuma
das
partes
se
corrompe
ou
se
altera.
Para Aquino,
há
dois
tipos
de
anima:
uma
natural
e
outra
espiritual
– cada
qual
com
suas
correlatas
modificações.
Para
ele
“a
modificação
é
natural
quando
a
forma
do
que
causa
a
mudança
é
recebida
no
que
é
mudado
segundo
o
seu
ser
natural”.
Assim,
a
imutabilidade
que ocorre
no
conhecimento
só pode ser de
natureza
espiritual:
no
processo
do
conhecimento
sensível,
mesmo
com
a
dependência
dos
órgãos
para
a
sua
atualização,
a
apreensão
cognoscitiva
será sempre um ato
de
natureza
imaterial.
Diz
Tomás
que
“o
sentido
é
uma
potência
passiva
cuja
natureza
é
ser
modificada
por
um
objeto
sensível
exterior”.
As
noções
de
potência
e
ato
são explicadas
por
Tomás
pela
noção
de
perfeição:
diz-se
perfeito
tudo
a
que
não
falta
o
ser
em
ato,
quer
tenha
sido
feito
(levado
da
potência
ao
ato),
quer
não
(algo
desde
sempre
em
ato).
O
ato
é
um
estado
relativo
de
perfeição,
e a
potência
o
correlativo
imperfeito
que
tem
uma
capacidade
ordenada
a
um
ato.
Existem
duas
potências,
passiva
e
ativa:
naquela,
há
sempre
a
capacidade
de
uma
perfeição;
é
uma
potencia
que
existe
somente
nas
criaturas
enquanto
comportam
imperfeição
e
limite,
pois
a
passividade
é
sempre
uma
imperfeição.
A potência ativa é o próprio ato enquanto atividade, ou seja,
operação.
A
sensibilidade
humana
em
seu
processo
de
assimilação
é
caracterizada
como
uma
condição
passiva
de
recepção
das
formas
sensíveis
do
objeto
exterior
quando
este
modifica
os
sentidos,
ou
seja:
a
forma
do
objeto
está
no
objeto.
O
conhecimento
sensível
é
composto
por
duas
espécies
ou
classes
de
sentidos,
os
internos
e
os
externos,
classificação
pela
localização
dos
órgãos
específicos.
Os
sentidos
externos
são:
visão,
tato,
audição,
paladar
e
olfato.
Os
sentidos
internos
são:
sentido
comum,
memória,
imaginação
e
cogitativa.
O
processo
de
atualização
cognoscitiva
das
faculdades
sensíveis
não acontece
de
maneira
irregular;
as
potências
são
atualizadas
na
seguinte
ordem:
primeiro
os
sentidos
externos
e
depois os
internos.
A
dependência
de
uma
potência
face
a
outra
pode
se
entender
de
duas
maneiras:
segundo
a
ordem
da
natureza
ou da geração
do
tempo:
o
perfeito
é
anterior
ao
imperfeito
pela natureza, mas este, na
ordem
do
tempo,
é
anterior
àquele.
Os
órgãos
dos
sentidos
têm
uma
função
mediadora
necessária
para
o
ato
do
conhecimento.
Afirma
Tomás
que
as
formas
existem
por
certa
ação
das
coisas
sobre
a
alma,
sendo
assim,
sempre
há
uma
dependência
no
ser
do
efeito
em
relação
à
causa.
Em
suma,
para
Tomás,
o
conhecimento
é
algo
que
se
produz
segundo
a
condição
do
cognoscente,
em
que
a
forma
é
recebida
segundo
o
modo
de
ser
do
sujeito.
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