Conceitos Fundamentais da Metafísica - 1ª Parte. 6. Ser-aí e Não-ser-aí, consciência, ausência e presença;

 Na seção (b) do § 16, Heidegger efetua o seguinte esclarecimento: o ser-aí e o não-ser-aí da Tonalidade Afetiva, enquanto conceitos ontológicos, não se deixam reduzir aos conceitos psicológicos de consciência e inconsciência.

Consciência e inconsciência dizem respeito a estados. Correspondem a situações momentaneas da consciência – neste momento, ainda não particularizada em consciência humana, animal, divina, ou seja lá o que for.

Mas, restringindo ao psicológico humano, são conceitos de natureza intensiva, isto é, admitem graus: de consciência e de inconsciência. São conceitos relativos. Um certo grau de consciência é, também, um certo grau de inconsciência: o copo está meio vazio e meio cheio. Não há absoluta consciência (seria a onisciência divina) nem a completa inconsciência (seria a pura coisalidade, a completa inumanidade).

Feito este esclarecimento, Heidegger passa a analisar a relação de ser-aí e não-ser-aí com ausência e presença. Aquele (ou aquilo) que dorme não está aí. Ele está ausente. Mas também está presente de certo modo. Diz Heidegger que, com isto, com esta situação paradoxal, própria de descrições de situações ontológicas, se deve abalar o princípio metafísico da não-contradição, adstrito ao domínio objectual ôntico.

Em seguida, Heidegger adverte que a definição clássica de homem, como zoon logon echon, animal possuidor de lógos, conduziu a um total desconhecimento das Tonalidades Afetivas, justamente porque, já desde a definição, elas estão excluídas da compreensão do homem – o qual, aliás, ainda é interpretado cientificamente neste horizonte, como homo sapiens.

Por fim, Heidegger recorda que, metodologicamente, não se define o despertar sem referência ao sono e à vigília. Todavia, para se compreender estes conceitos correlativos e contrapostos, há que se elucidar a estrutura ôntica de entes que são capazes ou incapazes de um e outro, em caracterização diferencial – pedra, planta, animal e homem.

Logo, esta seção encerra com a conclusão negativa de que se deve buscar a compreensão do despertar de uma TA em outra via. Evidentemente, após a compreensão do despertar, e do despertar de uma TA específica e fundamental do filosofar, Heidegger enfrentará esta caracterização diferencial de pedra, planta, animal e homem e, à luz dos resultados obtidos, aprofundará sua compreensão preliminar (caracterização prévia) das TA, a partir dos resultados obtidos, na consecução do reiterável e infindável círculo hermenêutico.



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