Na seção (b) do § 16, Heidegger efetua o seguinte esclarecimento:
o ser-aí e o não-ser-aí da Tonalidade Afetiva, enquanto conceitos
ontológicos, não se deixam reduzir aos conceitos psicológicos de
consciência e inconsciência.
Consciência e inconsciência dizem respeito a estados. Correspondem
a situações momentaneas da consciência – neste momento, ainda
não particularizada em consciência humana, animal, divina, ou seja
lá o que for.
Mas, restringindo ao psicológico humano, são conceitos de natureza
intensiva, isto é, admitem graus: de consciência e de
inconsciência. São conceitos relativos. Um certo grau de
consciência é, também, um certo grau de inconsciência: o copo
está meio vazio e meio cheio. Não há absoluta consciência (seria
a onisciência divina) nem a completa inconsciência (seria a pura
coisalidade, a completa inumanidade).
Feito este esclarecimento, Heidegger passa a analisar a relação de ser-aí e não-ser-aí com ausência e presença. Aquele (ou aquilo) que dorme não está aí. Ele está ausente. Mas também está
presente de certo modo. Diz Heidegger que, com isto, com esta
situação paradoxal, própria de descrições de situações
ontológicas, se deve abalar o princípio metafísico da
não-contradição, adstrito ao domínio objectual ôntico.
Em seguida, Heidegger adverte que a definição clássica de homem,
como zoon logon echon, animal possuidor de lógos, conduziu a
um total desconhecimento das Tonalidades Afetivas, justamente porque,
já desde a definição, elas estão excluídas da compreensão do
homem – o qual, aliás, ainda é interpretado cientificamente neste
horizonte, como homo sapiens.
Por fim, Heidegger recorda que, metodologicamente, não se define o
despertar sem referência ao sono e à vigília. Todavia, para se
compreender estes conceitos correlativos e contrapostos, há que se
elucidar a estrutura ôntica de entes que são capazes ou incapazes
de um e outro, em caracterização diferencial – pedra, planta,
animal e homem.
Logo, esta seção encerra com a conclusão negativa de que se deve
buscar a compreensão do despertar de uma TA em outra via.
Evidentemente, após a compreensão do despertar, e do despertar de
uma TA específica e fundamental do filosofar, Heidegger enfrentará
esta caracterização diferencial de pedra, planta, animal e homem e,
à luz dos resultados obtidos, aprofundará sua compreensão
preliminar (caracterização prévia) das TA, a partir dos resultados
obtidos, na consecução do reiterável e infindável círculo hermenêutico.
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