O primeiro grande contributo para a ratificação do conceito de
sistema no campo da ciência biológica – para além da perspectiva
sistemática da antiga História Natural – é representado pelo
evolucionismo de Darwin e Spencer. A partir de Darwin, a idéia
central do pensamento científico no século XIX é a sinonímia
entre sistema e organismo, e entre evolução e adaptação.
Da mesma forma como os seres vivos, de um lado, se adaptam às
pressões do meio, e de outro, transformam-no pela ação reiterada,
assim também todo sistema consistiria um mecanismo de adaptação de
uma realidade intra-sistêmica a uma ambiência extra-sistêmica, que
agiria sobre aquela, mas que seria igualmente por ela transformada.
Este esquema pode ser aplicado tanto ao organismo biológico concreto
quanto à espécie como um todo, e até às diversas populações de
uma espécie. Nas palavras de Darwin: "A essa preservação de
variações favoráveis e rejeição de variações prejudiciais eu
chamo de seleção Natural"i.
A noção de sistema aqui ressurge, aliando à ‘abertura temporal’
anteriormente aludida, a ‘abertura espacial’. A perspectiva
integradora do sistema biológico com o natural promove a eclosão da
Ecologia no século XX, que estuda justamente as interações como
elementos estruturais, que atuam tanto na configuração do indivíduo
como na do ambiente, que possuiria ritmo e ordem resultantes da
síntese unificadora de cada uma das condutas dos exemplares, dos
grupos, das espécies, isoladas ou conjuntas, nos habitats,
nos Ecossistemas e na Biosfera.
i
DARWIN, Charles, apud LINHARES, Sérgio. Biologia. 1ª
ed. São Paulo: Ática, 2005, p. 422.
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