Por Thiago El-Chami
No que se refere a Spencer, sua filosofia se identifica completamente
com a idéia de evolução, que pode ser compreendida precisamente
como progresso fenomênico cada vez maior em direção ao
sistema. Este processo obedece aos seguintes princípiosi:
a) Do mais simples para o mais complexo;
b) Do mais homogêneo para o mais heterogêneo;
c) Do mais desorganizado para o mais organizado.
Suas idéias evolucionistas e organicistas integraram-se
harmoniosamente à doutrina positivista surgida décadas antes, a tal
ponto que se convencionou designar o movimento como o Positivismo de
Comte-Spencer.
O evolucionismo de Spencer recebeu inúmeras críticas que o
inquinaram de artificalismo. A mais devastadora foi a de Henri
Bergson: "o erro fundamental de Spencer é brindar-se com a
experiência já loteada, enquanto que o verdadeiro problema é saber
como se deu o loteamento"ii.
Certamente, ele merece a censura de tomar a causa pelo efeito, e
julgar que explica a Evolução quando, em verdade, descreve seus
resultados mais recentes, ou seja, mais evoluídos. Não obstante, a
sua argúcia ao interpretar tais resultados à luz de critérios
orgânicos e sistêmicos lançou nova luz sobre os conceitos de
organismo e sistema, permitindo aos seus sucessores partirem para
vôos mais altos, dos quais constituem exemplos a Ecologia e a
moderna Teoria dos sistemas.
i
ENCICLOPÉDIA MIRADOR INTERNACIONAL, 1983, vol. XIX, p. 10598
ii
BERGSON, Henri. A evolução criadora. Trad. Bento Prado
Neto. São Paulo: Martins Fontes, 2005, p. 396.
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