Em sentido amplo, a palavra política se refere ao poder, sob
diversas nuances, quer “compreendendo a luta por sua conquista,
manutenção e expansão", quer "às instituições por
meio das quais ele se exerce, ou a reflexão sobre a sua origem,
estrutura e razão de ser”1.
Tal conceito explicita a abrangência do referido fenômeno na vida
social, bem como sua natureza peculiar, pois de um lado, mostra o
caráter dinâmico do mosaico de forças em que se articula a
política na sociedade; de outro, aponta que o poder político, ao
contrário do espiritual, do militar, do econômico, não é mero
poder de fato, decorrente da espontaneidade das relações,
mas, ao contrário, um poder que surge em razão de algo, de
um fim ou telos que o direciona.
Observe-se, entretanto, que, embora não originalmente fático, o
poder político é aquele que adquire no tempo maior faticidade,
razão por que se fala dele como poder em si mesmo, sem adjetivos.
Dizer que certos indivíduos detém o poder numa dada sociedade
equivale a afirmar que eles podem realizar objetivos
econômicos, culturais, militares, familiares, seus ou de toda a
coletividade.
Esta libertação de fins determinados amplifica as possibilidades
de realização do poder, mas também torna-o extremamente perigoso.
É possível, pois, identificar o fenômeno político como sendo
aquele pelo qual o indivíduo logra maior capacidade de atuação
sobre o Mundo, entendido aqui como a totalidade da ambiência
natural, social e cultural na qual se desdobra a vida do Homem; logo,
trata-se do fenômeno mais genuinamente ambiental, ou melhor,
multi-ambiental, da existência humana.
Pela política, se realiza a cultura, se dirige a sociedade, se
domina a natureza.
1
Enciclopédia Mirador Internacional, 1983, vol XVI, p. 9045.
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