Disciplinas do corpo e regulações
da população
Na análise das transformações da
relação do poder soberano com a vida e com a morte, Foucault repara que a
revalorização da vida, tão marcante no século XIX, trouxe duas novas
perspectivas para a atuação do poder.
A primeira dela são as
disciplinas do corpo. Ele deixou de ser visto como unicamente reduto de um
sujeito, de uma alma. Visto cada vez mais como máquina, passou a ser apreciado
em termos de rendimento, de instrumentalização, de empregabilidade. É o que
Foucault chama de anátomo-política do corpo, que parte do século XVII, mas se
consolida no XIX.
Já as regulações da população se
formam a partir do século XVIII. O corpo, cada vez mais, é contemplado como
exemplar de uma espécie, como membro de uma coletividade, como indivíduo em uma
população. Fenomenos como natalidade, fecundidade, mortalidade, longevidade
passam a ser mensurados e analisados. Tornam-se ocupação do Poder.
Assim, lentamente a face sombria
do poder como potência de morte vai sendo recoberta pela faceta da
administração dos corpos e da gestão calculista da vida.
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