O Caminho do Zen - Capítulo 2: As Origens do Budismo - O Budismo Theravada e o Hinduísmo

2. O Budismo Theravada e o Hinduísmo
2.1. Um de seus pilares é atma-yajna, o auto-sacrifício de Brahma que dá origem ao mundo. Deus se esquece de si mesmo. 
2.2. Cada ente membro da Purusha é parte da lila (Divino Jogo Cósmico), na qual os opostos ou dvandva são igualmente necessários. 
2.3. Cada kalpa [era cósmica] é novo, porque há o auto-olvido divino, que recomeça a brincar como criança. 
3. O objetivo do hinduismo é a moksha ou libertação, a atma-jnana ou atma-bodha, auto-conhecer ou despertar budista. 
4. O vazio é o conhecimento negativo, necessário para permitir o fluir do convencional, por não ser mais um ao lado deles. 
4.1. Por isto, la disciplina ou sadhana é o desidentificar-se do corpo[distinto do penitenciá-lo ocidental]. 
4.2. Brahma não tem Maya(ilusão, radical sânscrito de onde vem matéria, medir, metro, e dimensão, e mês, e o inglês man).
4.2.1. Portanto, não tem oposto, advaita, de onde vem o ocidental dividir, dois. 
5. Atos e fatos são mais medidas e divisões do que coisas reais; e todo fato é dual, tem o limite e o além dele. 
6. O iluminado (bodhi) não deixa de ver como vemos. Mas descobre que o que separa também une, como todo limite, e vice-versa. E que só separa porque estava unido, e vice-versa. 
6.1. Ele não é pois, monista, pois não crê que todas as coisas sejam uma, já que não crê que hajam coisas, para que possam ou não possam ser uma. 
6.2. Os limites são mais convencionais do que naturais. A doutrina de Maya afirma que as formas(rupa) das coisas, carecem de ser-próprio, ou natureza de si[svabhava]. 
6.2.1. Assim ocorre com o sólido e o espaço, o som e o silêncio, o existente e o inexistente
7. A experiência búdica é incomunicável; só pode ser apontada. 
8. As quatro nobres verdades
8.1. A primeira nobre verdade. Tudo em maya, baseado na vida ou agarrar, baseado em trisnha, é duhkha (sofrimento); a cura é o dharma (lei ou caminho). 
8.1.1. Em outra formulação, duhkha, oposto de sukha, é uma das três leis do ser ou devenir[bhava], ao lado da não permanência [anitya], e da inexistência total do eu[anatman]; 
8.1.2. A não permanência está além da permanência e da impermanencia; e não há ego, como não há o círculo formado por uma tocha que gira. 
8.2. A segunda nobre verdade: trishna é avidya, dvandva (oposto) do budhi[despertar]. 
8.2.1. Isto se aproxima curiosamente do problema cibernético: o sistema próximo do autocontrole está perto da auto-frustração eterna[samsara], como o juízo ‘eu minto’, pura transição de verdade a falsidade. 
8.2.2. É ela, a avidez do desejo, trishna, que gera karma, a ação condicionada, elo da roda de samsara. 
8.2.3. É mais importante aí a renovação do eu, e a ação no círculo vicioso, do que a reencarnação.
8.3. Terceira nobre verdade: o fim da samsara é o nirvana, o deixar de querer aprisionar prana (energia vital). 
8.3.1. O iluminado não é anjo, nem ser elevado, porque o que sobe desce na roda do samsara. 
8.4. A quarta nobre verdade é o caminho óctuplo: perfeita visão, perfeito entendimento, perfeita linguagem, perfeita ação, perfeita vocação, contemplação, recolhimento e contemplação. 
8.4.1. A ação completa está livre tanto de karma bom quanto mau. 
9. Samadhi é não-dualidade, experiência pura. 
10. Meditação, dhyana, não tem propósito externo. 
11. O incomodo do conhecimento sem sujeito e objeto para nós, é equivalente ao chegar a uma cerimônia de pijama. É um erro convencional, não ontológico.

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