A indicação da verdade (ou falsidade) de uma
proposição não acarreta nenhuma implicação relativa à relação
entre a verdade e o predicado em questão. Por exemplo, dizer verdadeira uma proposição que afirma a
homossexualidade de um sujeito não implica estabelecer nenhuma
relação entre homossexualismo e verdade.
Tal indicação pode parecer supérflua ou desnecessária, mas não
o é. Ela aponta para um erro comum na história da filosofia, e que
ocorre, por exemplo, nas diversas modalidades da "prova
ontológica" da existência de Deus. Nesta, considera-se que o
Ser supremo possui todos os predicados em grau máximo, e
considera-se a existência como mais um dos predicados, concluindo-se
que Deus necessariamente deve existir. Kant1
foi o primeiro a verificar a falha lógica aí presente, que iguala,
sub-repticiamente, o valor "existência" com o predicado do
sujeito "Deus".
Para Kant, a existência não é um
predicado real, mas apenas a posição de certas coisas em
relação a outras (entendendo-se por posição não a localização
espacial, mas o estar-posto em conjunto com o restante do real).
Aqui se abre mais um campo de investigação para os estudos
lógicos. Afinal, existem sistemas lógicos que admitem outros
valores intermediários ou extrapolantes em relação a verdade e
falsidade, bem como há outros que se baseiam em outros valores, como
a lógica das normas ou das condutas (cujos modais deônticos são,
por exemplo, proibido, permitido e obrigado). Desta forma,
para cada valor lógico admitido, haverá uma série de
pseudo-predicações a se evitar, hipóstases a se eliminar do
discurso argumentativo.
1Ver,
sobre isto, o interessante artigo de Júlio César Ramos Esteves,
intitulado "A refutação Kantiana do argumento ontológico",
disponível em:
:www.faje.edu.br/periodicos/index.php/Sintese/article/download/685/1111
. Acesso em: 17/03/2011.
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