Vigiar e Punir - O aparelho disciplinar perfeito e a integração das diversas funções do poder

O aparelho disciplinar perfeito e a integração das diversas funções do poder


O adequado funcionamento do poder desde sempre exigiu uma complexa colaboração de mecanismos, uma complexa trama de instituições: há que ter leis, há que julgar, há que punir, há que fiscalizar, há que conhecer, há que educar.

Cada um destes elementos tem suas necessidades específicas, suas regras de operação, seus materiais particulares. Tudo isto é fonte tendencial de problemas, de incompatibilidades, de dificuldades emergentes.

A consolidação do poder disciplinar, no entanto, representou a possibilidade ideal de concentração de todas estas funções do poder em uma estrutura não mais centrífuga, mas convergente: o ponto central de vigilância. Segundo Foucault, ele seria ao mesmo tempo a fonte de de luz que tudo ilumina e lugar de convergência pra tudo que deveria ser sabido.

Assim, construções circulares, como o Arc-et-Senans de Ledoux, numa série de edifícios abertos para o interior, possuiriam o condão de acumular as funções administrativas de direção, policiais de vigilância, econômicas de controle e verificação, religiosas de encorajamento à obediência e ao trabalho.

Todo este ideário de racionalização do poder irá desembocar no Panóptico, de Jeremy Bentham.  

Nenhum comentário: