Tales vê o elemento por trás das coisas que mudam. Sua forma de pensar baseia-se na imanência. Somente com ela, se pode algumas vezes prescrever, mas nuca descrever. É o reducionismo da ciência e o conformismo religioso.
Anaximandro já vê o fenômeno em si, o surgir e desaparecer, mas como efeitos de algo totalmente transcendente, e vê o obra não como fruto da lei ou finalidade, mas como algo oposto a esta, e por isto sujeito a perecer. É a idéia de pecado original. E é o dualismo ingênuo, em que não há absoluto, nem relação.
Anaxímenes já vê o processo, a transcendência, a passagem do elemento originário para o derivado; mas confunde o processo com a matéria, e explica as diferentes coisas como etapas qualitativas. E não há mudança somente com o variável; deve haver o referencial, o algo que muda, o invariável. Se o ar é uma das variações da condensação, como pode ser matéria? Se é composto, como pode ser originário? É a mesma falha da criação judaica pelo Poder: o objeto criado é-lhe transcendente. Aparece em todas as religiões primitivas. E aparecerá na teoria atômica inicial.
Os pitagóricos já mostram o número, o grau, a forma, como elementos da criação, e ressaltam a sua Harmonia. Mas os confunde com a própria obra, identificando a ordem e a coisa ordenada(Cosmo), esquecendo a matéria, a natureza, a adaptação, a ação. É o erro do finalismo puro, das éticas antrópicas e as do deus interno. Foi o erro do Iluminismo. No entanto, já fixa regras que se pretendem universais, embora o número em se baseiam não seja puro conceito[mas signo].
Xenófanes é o primeiro a sair do esquema da criação na pesquisa da natureza. Distingue a verdade e a aparência, e nega aquela às coisas perecíveis. Afirma o Deus-uno, a transcendência na imanência, aquilo que está por trás de tudo, mas que a tudo supera. Retorna ao esquema orgânico: o mundo em Deus. Mas nega o poder do homem conhecer a verdade; esta, ao invés de realidade ou ser, passa a regra, dogma, dever-ser, que surge por revelação e deve ser reconhecido.
Heráclito restaura a matéria, ressalta o mecanismo ou processo, e Lei que a tudo preside. A criação é luta de opostos, a obra é harmonia destes. Porém, ele esquece a forma e a ordem; deposita-as no Logos oculto; e funde processo e finalidade. Nega valor às coisas do mundo, mas não ensina a viver com elas. Diz que se deve lutar, mas não há objetivo para a vida humana, só para o plano divino. Explica as coisas pelo Logos imanente, explica a mudança pelo Logos permanente, mas não diz como mudar as coisas; o seu relativismo cai no pessimismo, e no fatalismo. Entretanto, não deixa de esboçar um cuidado de si, uma técnica de viver.
Parmênides não confunde matéria e processo, como os Jônicos; nem matéria e forma, como Pitágoricos. Xenófanes já havia descartado a busca pela verdade por ver o mecanismo como falho. Sendo o ser pura forma, Parmênides via como contraditório o processo, pois este é trans-formação, além do que não havia matéria sobre a qual atuar. O ser, sendo já perfeito, pronto, não precisa sofrer nenhum processo. Ele descobre que o Mesmo é o lugar onde ser e pensar se dão. Mas não percebe que igualdade e diferença existem, pois os nega fora do ser, mas não os vê dentro dele.
Empédocles visualiza um processo completo. Há os quatro elementos, os processos, e a lei. Mas as coisas criadas são pura decorrência natural, e não efeitos espirituais. Ele rompe com o esquema da criação, mas permite uma ética consciente, pois induz-nos a nos ajustarmos ás forças e às raízes, e racional, pois nos indica o conhecimento da lei. E volta ao esquema do organismo, visualizando os atributos humanos como hauridos da natureza.
Anaxágoras também vê a criação completa, mas confunde mecanismo e Lei(nous). Identifica Natureza e Espírito, sendo mais um exemplo de retorno ao orgânico.
Demócrito vê matéria, mecanismo e forma. Vê nisto ordem, mas não lei, puro movimento caótico, processo sem finalidade. Seu pensamento, que não parte de uma intuição, tem o mérito de não buscar primeiro o absoluto para explicar o mundo e regrar a vida.
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