Gérmens da Filosofia Grega - Homero de Jônia


O poeta dórico Homero relatou, em suas grandes obras – A Ilíada e a Odisséia, incidentes relativos a guerras do período pré-dórico. Nestas guerras, a Civilização Creto-Micênica, um povo marítimo, foi subjugado e vencido por povos nômades vindos do Norte. Não é fortuito, portanto, que Homero cante os feitos dos deuses em meio a invasões, guerras, traições, e outros eventos bem humanos.

Os deuses homéricos eram como uma sociedade de nobres imortais que se respeitam. Os homens podem adquirir e participar desta imortalidade dos deuses se levarem uma vida heróica, deixando grandes feitos para a posteridade. Não estavam afastados, contudo, os elementos religiosos da antiga civilização destruída, e assim, ao lado desses deuses antropomórficos, quase-humanos, persistiram várias divindades naturais ao modo antigo.

O caráter essencial desses deuses guerreiros é a aretè, palavra que designa a noção grega antiga de virtude, que não é a virtude moral cristã, mas algo mais próximo da honra guerreira e demais valores aristocráticos. Havia também uma outra noção de virtude, denominada hibrys, mais afeita ao sentido de qualidade rara, incomum, não necessariamente humana: pode ser tanto a coragem de um guerreiro quanto a força de um cavalo ou a visão da águia. Qualquer violação da aretè, ou seja, qualquer desonra, instaura o conflito. Mas, acima de todas as querelas entre homens e deuses, está o Destino, a equilibrar as vontades.

Os deuses não são transcendentes ao homem, pois têm as mesmas inquietudes destes. Os sacrifícios são para lhes agradar, e eles podem se envolver em guerras com os homens, ou tomar partido nos conflitos humanos.

Além da morte, não há nada, só a psichè humana a vagar errante no hades.

Ao contrário do que se poderia pensar, a época áurea da Democracia Grega não é uma criação humana baseada na imitação do cosmo, do mundo. Ao invés disso, o aperfeiçoamento da visão de mundo do povo grego é que será fruto da organização política incomum ali nascida. A cultura grega começa a atribuir à natureza a mesma ordem e lei que existem em sua sociedade.


Nenhum comentário: