Evidentemente,
aquele que procurar, no Universo, vestígios da atuação do Criador
do mesmo modo com que se buscam as marcas da pincelada sobre a tela,
haverá de frustrar-se totalmente.
Ao
afirmar que o Universo é uma criação, a única coisa que podemos
saber, de antemão, é que não se trata de uma obra ao modo das que
o homem cria.
As
coisas que o homem faz ou cria se deixam compreender sob o signo da
Técnica, do artifício, da modificação intencional e inteligente
de uma realidade natural espontânea.
Não
se trata de uma oposição, por certo: a Técnica humana altera
coisas da natureza, sem jamais retirar-lhes a naturalidade.
Ainda que se modifique completamente o aspecto visual, propriedades
físicas, composições químicas, estruturas biológicas, o homem
sempre o fará em consonância com as Leis da Natureza.
As
coisas que o homem faz, portanto, não são coisas puramente
artificiais: são naturais-e-artificiais. Possuem uma dimensão
natural profunda e uma dimensão artificial acrescida.
Esta
digressão teve por objetivo salientar a diferença entre o que se
entende comumente por criação, em se tratado das coisas humanas, e
o supremo esforço de pensamento que se deve despender para nos
aproximarmos, devagar e de leve, de questões transcendentes como a
da Criação divina, cuja completa elucidação, por certo, só nos
saltará aos olhos quando formos cidadãos venturosos de mundos mais
avançados na escala sideral.
Em
todo caso, para começarmos a alfabetização espiritual que nos
colocará a caminho desta futura Universidade do Espírito, é
preciso que tenhamos a humilde coragem de tatear na escuridão, a fim
de em nós desperte o anseio pela luz. Perguntar pelas coisas
celestes, sem espasmos de orgulho intelectual, é um dos caminhos
para nos tornarmos um pouco menos mundanos.
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