Retornemos,
pois. No caso da Criação
Divina, não podemos falar de uma Técnica do Criador, como um
conjunto de artifícios com os quais ele modificou a natureza
primigênia. No limite, a Técnica de Deus é a própria Natureza, e
não algo externo a ela ou dela distinto.
Com
isto, a palavra Técnica se mostra inadequada para tratar da Criação
divina, permitindo-nos um uso apenas analógico.
Até
mesmo a palavra Natureza se revela precária para tal intento, na
medida em que entendemos por natural, no comum das vezes, como aquilo
que não foi feito pelo homem,
aquilo que já está aí no mundo, a realidade como ela é em si
mesma.
Sobretudo
na civilização autoproclamada "tecnológica", na qual
vivemos, natural é o não fabricado, o não modificado, o não
tecnológico. É a porção da realidade ainda não tocada pela
Técnica.
Do
ponto de vista humano, faz sentido distinguir fenômeno e
criação. Fenômeno é tudo
aquilo que se manifesta espontaneamente tal qual é em si mesmo,
conforme das leis da natureza. Criação é tudo aquilo que foi
criado intencionalmente pelo homem, conforme as regras da técnica.
Com
referência à Criação divina, a trama sucessiva dos fenômenos, a
magnífica e assombrosa dança da Natureza nos palcos do Tempo, é
fenômeno e criação.
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