Ditos e Escritos V - A demografia, a sociedade industrial e a psiquiatria como higiene pública

Para explicar este problema, Foucault contesta as explicações tradicionais.

Primeiro, não é apenas o fato de a psiquiatria, como saber recente, estar reclamando um campo de objetos a tratar.

Também não é mera decorrência da dinâmica interna do saber médico, tentando racionalizar a fronteira confusa da loucura e do crime.

As razões estão no que tornou importante a psiquiatria.

Para Foucault, com a sociedade industrial, o corpo passa a ser realmente importante, para além da teoria.  É preciso cuidar do corpo dos homens, agora fator explícito de mão de obra.

Além disso, a explosão demográfica torna a saúde dos corpos do povo um problema de saúde coletiva, de higiene pública.

Ora, a psiquiatria aí se inscreve, no horizonte positivista, como uma ciência do corpo. O enfermo mental é um corpo doente. E a população com grandes casos de crimes é um corpo social doente.

A loucura e o crime vicejam numa sociedade doente, perigosa, com condições de vida inadequadas. 
Nesta visão das coisas, havia que cuidar e prevenir. Não basta punir com a pena. Há que prevenir e tratar com a psiquiatria. Mas, pra isto, havia que conhecer.


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