O início da abordagem psiquiátrica
do crime surgiu após uma série de casos intrigantes de crimes aparentemente sem
sentido, no séc. XIX. Não que a loucura não fosse considerada antes disto, como
causa de exclusão de culpa ou de pena. A mudança se dá no modo de compreender
esta loucura.
Antes deste momento histórico, o
louco era visto pela demência já consolidada ou pela fúria repentina. Mas
nenhum destes tipos enquadra a mãe que do nada mata a filha e cozinha sua perna
na sopa, o rapaz que entra numa casa e mata um desconhecido, o calmo senhor que
um dia se atira sobre a filha de sua patroa com marteladas, e outros tais.
Com base nisto, Foucault efetua
algumas observações.
Primeiro, são crimes não acompanhados,
precedidos ou sucedidos pelos sintomas clássicos da loucuras: a demência ou a
fúria.
Segundo, são sempre crimes
gravíssimos.
Terceiro, são crimes domésticos,
na família ou na redondeza.
Quarto, todos ocorreram sem
razão, sem interesse, paixão, motivo, embora movidos por alguma ilusão
delirante.
O que chama a atenção de Foucault
é: por que médicos passam a reivindicar como loucos pessoas que até então se
considerariam simples criminosos, e ponto?
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