O poder psiquiátrico, desde o
tempo de Pinel, percebeu que a organização do espaço de tratamento e de guarda
dos sujeitos considerados psiquicamente enfermos era necessária por duas
razões.
Primeiro, para a constituição do
próprio saber psiquiátrico.
A loucura e as enfermidades da mente possuem uma
aparência de caos e imprevisibilidade. Sem ordem, disciplina e regularidade,
não há como efetuar observações exatas e, pois, converter tal saber em uma
pretendida ciência positiva, com neutralidade, objetividade, rigor.
Em segundo lugar, para a própria
viabilidade do tratamento.
Pensa-se que para trazer o sujeito à saúde mental, à
posse da razão, é preciso cuidar dele com ordem, para que esta ordem seja
assimilada por ele.
A ordem do espaço de tratamento e de exercício do poder
regulador também é necessária para a produção da sanidade.
Assim, tanto a objetividade do
conhecimento médico quanto a eficácia da operação terapêutica possuem a mesma
condição: a disciplina.
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