No período medieval, a morte da
pessoa e o aniquilamento dos povos, nas formas típicas da Peste e da guerra,
eram os males mais temidos. Com o renascimento cultural, comercial e urbano, a
coisa muda de figura.
Agora, não se há de temer tanto
os males que vêm de fora: o inimigo invasor e a doença por ele trazida. Os
perigos agora são internos à cidade, estão nela. E dela devem ser esconjurados.
A loucura é um destes inimigos. A
morte transforma a cabeça em crânio, o corpo em esqueleto. Mas a loucura já
deixa a cabeça vazia, dizia-se então, com a pessoa ainda viva. Ou seja, o louco
já não está mais aí, já não é mais ele, já perdeu a vida sem morrer. A loucura
é uma perdição, a perdição de si mesmo.
Assim como cada um deveria cuidar
de sua razão para não enlouquecer, não a perder, não se perder, as cidades
também precisavam cuidar para que a desrazão da loucura não se alastrasse e as
corroesse por dentro – era o que se pensava. Por isto, os mecanismos de
punição, exclusão, segregação que surgiram então.
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