Exposição transcendental e exposição metafísica do Espaço e do Tempo





Exposição transcendental significa explicação do papel do Espaço e do Tempo como condição essencial da experiência  sensorial dos fenômenos.  Ou seja, não diz respeito à presença ou interferência de um e outro no ser dos fenômenos ou objetos em questão, mas no conhecer do sujeito a respeito deles. 

Difere, portanto, da exposição metafísica, que seria uma análise de eventuais propriedades ontológicas de um e de outro. A exposição metafísica ocorre nos quadros de doutrinas filosóficas que proponham uma teoria explicativa da natureza do Espaço e do Tempo.

Kant não elabora uma tal teoria metafísica do espaço e do tempo, nem afirmativa, nem negativamente. Ele não assevera, como muitos pensam apressadamente, que Espaço e Tempo não possam existir nas coisas em si mesmas. Ele apenas ressalva que possuímos Intuições Puras do Espaço e do Tempo, e que eles pertencem ao nosso modo de organizar subjetivamente a experiência dos fenômenos objetivos - independentemente do fato de eles existirem ou não existirem para além da relação de conhecimento, isto é, da experiência.

Assim, a exposição transcendental é epistemológica, e ensina em que sentido Espaço e Tempo são, não características do ser, mas condições do conhecer[1]:

Entendo por exposição transcendental a explicação de um conceito considerado como um princípio, a partir do qual se pode entender a possibilidade de outros conhecimentos sintéticos a priori.

A exposição metafísica pretende ser transcendente; a transcendental se atém ao domínio da experiência possível.

A bem da verdade, Kant faz preceder sua exposição transcendental por uma exposição metafísica. Entretanto, diferentemente a maneira dogmática de expor problemas metafísicos, Kant procede negativamente: ele diz tudo o que Espaço e Tempo não são, no plano metafísico, para postular o que eles são no plano gnoseológico (transcendental).






[1] Idem, p. 92. 

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