2.
Marx
e os “acidentes meteorológicos”
2.1. Ideologia e previsão
Talvez
não seja preciso encher novas páginas para esmiuçar os inegáveis acertos do
aparato crítico da filosofia marxista. Contudo, ali onde ela se pretendia fazer
mundo, cumprindo um de seus princípios programáticos, ela falhou: Marx previu
revoluções socialistas na Alemanha e na Inglaterra, e eis que elas sucederam
(ou ao menos o arremedo delas) na Rússia e na China. O que deu errado com a
previsão?
Tempestades
anunciadas podem irromper antes ou depois do aprazado, ou podem decepcionar (ou
aliviar) os que a aguardavam, surgindo na forma inefetiva de chuva inofensiva.
Mas quando o vaticinado ocorre noutra latitude, tratou-se de fato de uma
previsão? Não é objetivo deste estudo propor uma explicação para tal malogro.
Trata-se de tentar diagnosticar alguns dos elementos da teoria marxista que não
encontraram amparo na realidade histórica contemporânea ou posterior a Marx,
apontando algumas possíveis razões para tanto.
De
saída, propõe-se aqui interpretar os equívocos marxistas como erros
ideológicos: Marx, ele próprio, também padeceu suas ilusões e racionalizações
ideológicas. Buscar identificá-las é caminho interessante, inclusive, para
futuras propostas renovadoras da exegese de seu pensamento. A ideologia talvez
tenha custado a Marx seus erros de previsão.
Obviamente,
a noção Marxista de ideologia se identifica à de discurso da classe dominante.
Mas aqui se descerá mais ao cerne da idéia: à ideologia enquanto discurso
escamoteador da realidade. Neste sentido, cada classe ou instância social
poderá, em tese, apresentar a sua idealização da realidade, quiçá por razões
diversas. É o que se buscará apontar a seguir.
Parte VII: http://paragensfilosoficas.blogspot.com.br/2013/09/realismo-em-hegel-idealismo-em-marx_5355.html
Parte VII: http://paragensfilosoficas.blogspot.com.br/2013/09/realismo-em-hegel-idealismo-em-marx_5355.html
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