Na soturna altivez da rua deserta
No silêncio sem luz, do muro ao prédio,
Densa névoa de paz, de sono e tédio
Desce pela alta noite amena e incerta
Deixo a minha janela entreaberta
De onde estou, me pergunto: “há algum um remédio
Para esta luz sem luz, em negro assédio?
Para esta dor sem dor que desconcerta? ”
Cai, do nada, uma telha em minha frente
Surge a Morte ao seu lado, e sorridente
Diz-me: “homem, não fiques preocupado!”
Susto ou tédio são modos diferentes
Com que te alerto: “acorda o teu presente”
Com que te aviso: “esquece o teu passado”.
Thiago El-Chami
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