As Razões de Aristóteles 18 - O Papel dos Postulados na ciência

Já se viu o papel de verdades postuladas na ciência demonstrativa. Admitindo-se uma verdade como premissa, se a conclusão é verdadeira, e obtida através de um raciocínio válido, ratifica-se a verdade da premissa. Assim, para além dos axiomas, como já se viu, os postulados (aitémata) exercem papel essencial na ciência.

O significado literal de postulado é pedido. Pede-se ao interlocutor a concessão de admitir a verdade de uma proposição, a fim de que ele possa acompanhas as consequências que daí se desdobram, a partir da aplicação de um método de raciocínio adequado, ou seja, a partir de uma forma válida de demonstração.

Em muitos casos, quando a matéria é por natureza obscura, os axiomas obtidos noeticamente, isto é, através da inteligência direta do real, não bastam para colocar em movimento a malha argumentativa da ciência, o avanço progressivo das demonstrações. Um axioma sozinho não faz ciência. Uma premissa sozinha não faz argumento.

Assim, quando se dispõe de número escasso de proposições verdadeiras fundamentais, parte-se de proposições cuja verdade ainda não está garantida, mas que, se o forem, assumirão não o papel de conclusões derivadas, e sim de princípio para outras conclusões. Tais são os postulados.


Portanto, a ciência tal como pensada por Aristóteles não se constitui em corpo fechado de verdades obtidas dedutivamente, num enclausuramento rigoroso do particular desconhecido nas malhas do universal conhecido. Ao contrário, ela também permite o novo, a descoberta do universal, tanto pela via intelectiva da captação direta, quanto pela via argumentativa da imaginação postulante, que fornece premissas relativas à demonstração.

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