Gerd Bornheim - Dialética: Teoria e Práxis 2: A Filosofia como olhar questionador e guarda do conceito

Na Introdução de sua obra, Bornheim arrola de saída duas características da Filosofia.

A primeira delas é o olhar questionador, que ela dirige a toda a realidade.

A segunda é a guarda do conceito, o cuidado em sua elaboração e conservação.

Obviamente, elaborar um conceito não é como fabricar uma resposta pronta, produzir um discurso já decidido de antemão. E conservá-lo não significa congelá-lo em um museu, petrificá-lo em sua expressão inicial.

Guarda-se um conceito na questão, que sempre o acossa e o aborda de maneiras sempre novas, tornando-o palpitante e capaz de ressoar a cada novo aspecto da realidade que se descortine, e a cada criação da cultura que se apresente.

Por isto, a filosofia se caracteriza por uma visceral historicidade, mas não no sentido extrínseco de que cada sistema filosófico enche uma página ou capítulo da história da filosofia, ou se localiza num período ou século identificável.


A filosofia é histórica porque cada criação pensante que a realiza instaura uma nova temporalidade, uma nova fonte de acontecimento e de devir, um novo fio na trama inextrincável da História. 

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