Foucault - As Palavras e as Coisas - A Estrutura geral da Natureza e o Caráter singular dos seres

A estrutura, modo de articulação do saber sobre o visível na Episteme iluminista é, para Foucault, simples designação: não enuncia nem o quadro a que pertence, nem a vizinhança, nem o lugar. Assim, para que a HN se torne linguagem, a descrição vira nome comum, a enumeração dos múltiplos caracteres importantes se resume na unidade intelectiva do caráter. O caráter de um ser diz o que ele, fundamentalmente, é.  

Se, na linguagem espontânea, as primeiras designações singulares aparecem ao assumir sua origem na linguagem de ação, partindo das raízes primitivas e imediatas rumo a valores mais gerais, a História Natural rejeitará etimologias longínquas, derivações sucessivas e figuras ilustrativas. Ela procurará então a descrição direta, sem comparação, etiologia ou histórico: a descrição do caráter.

Se a estrutura comporta articulação e proposição, a teoria do caráter fará o mesmo com a designação e a derivação. Para Tournefort, conhecer as plantas é saber os nomes que se lhes deu em relação à estrutura de algumas de suas partes.


Fixar o caráter é fácil porque prescinde de nomear a partir de representações confusas, pois funda o sistema de nomes naquilo que a estrutura fez passar para o discurso na descrição, sendo uma linguagem segunda a partir desta 1a universal e certa. 

Nenhum comentário: